Dois gémeos unidos pela cabeça foram separados com sucesso no início desta sexta-feira no Children’s Hospital at Montefiore Medical Central, no Bronx, em Nova Iorque.

A operação de Jadon e Anias McDonald, com 13 meses de idade, começou na quinta-feira e os médicos precisaram de mais de 16 horas para os conseguirem separar, a que se seguiram várias horas dedicadas à reconstrução dos respectivos crânios.

Jadon foi o primeiro dos rapazes a sair do bloco operatório, por volta das 7h40 locais (12h40 portuguesas) com a cabeça envolta em gaze branca, tendo sido encaminhado depois para a unidade de terapia intensiva pediátrica, onde se juntou aos pais, Nicole e Christian McDonald. Na manhã desta sexta-feira, o segundo gémeo, Anias, continuava a ser operado, numa cirurgia dirigida por James Goodrich, considerado o principal especialista neste género de intervenções. Horas depois, as agências relatavam que Anias ficou debilitado e estava sob medicação para se manter estável, sendo possível que venha a sofrer de paralisia num ou em ambos os lados do corpo. 

A CNN, que tem acompanhado os pais desde dias antes do início da operação, a convite do hospital, conta que esta é a sétima separação de bebés unidos pela cabeça efectuada por aquele cirurgião e a 59.ª em todo o mundo, desde 1952.

A decisão esteve longe de ser fácil para os pais, já que uma intervenção destas acarreta enormes riscos: morte ou danos cognitivos para um ou ambos os rapazes. “Estamos à beira do desconhecido. Os próximos meses serão críticos em termos de recuperação e não saberemos ao certo como Anias e Jadon estão a recuperar, se não daqui a umas semanas”, escreveu a mãe, na sua página do Facebook.

A CNN recorda que até 1980 era medicamente aceite a prática de sacrificar um dos gémeos para que o outro pudesse sobreviver. Muitas vezes morriam ambos. E mesmo quando sobreviviam, não era raro que apresentassem mais tarde sérias debilidades e danos cerebrais.

James Goodrich introduziu algumas práticas inovadoras neste tipo de cirurgias. Em vez de serem submetidos a uma única operação, que poderia prolongar-se por mais de 50 horas, os gémeos McDonald passaram por três operações antes desta que começou na quinta-feira, cada uma da qual os foi deixando progressivamente mais autónomos.