Deutsche Bank pondera despedir mais 10 mil funcionários

A decisão ainda não foi tomada, mas tudo indica que os cortes serão ainda mais significativos do que o esperado.

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Somando estes despedimentos aos já confirmados, trata-se de um quinto de todos os trabalhadores da empresa Toby Melville/Reuters

O director financeiro do Deutsche Bank disse aos representantes dos trabalhadores que os cortes que o banco vai fazer poderão ser duas vezes maiores do que o inicialmente planeado, com o possível despedimento de 10 mil funcionários extra.

A decisão ainda não foi tomada, disse à Reuters um responsável próximo do processo, mas as declarações de Marcus Schenck, numa reunião interna, são um sinal forte a indicar cortes significativos, num momento em que o banco alemão enfrenta multas de milhares de milhões de euros e uma crise de confiança entre os investidores.

No início do mês, soube-se que o Deutsche Bank planeava cortar mil postos de trabalho (essencialmente nos serviços centrais), para além dos 3000 anunciados em Junho. Há um ano, o banco decidiu avançar com uma restruturação que incluiu o encerramento de 200 agências só na Alemanha e a redução de pelo menos 9 mil postos de trabalho em todo o mundo.

Esta notícia da Reuters, a confirmar-se, significa que os cortes serão muito maiores do que o esperado. De acordo com a agência, Marcus Schenck explicou em Setembro aos líderes sindicais que “o banco vai precisar de cortar mais 10 mil funcionários para diminuir as despesas”, nas palavras de alguém que esteve nesse encontro e pede o anonimato. O Deutsche Bank recusou comentar a notícia.

Somando estes despedimentos aos já confirmados, trata-se de um quinto de todos os trabalhadores da empresa. Outra pessoa que tem seguido as discussões diz que a gestão também está a rever o posicionamento externo, avaliando cada país onde está o Deutsche Bank presente para “perceber se vale mesmo a pena”.

A sucursal em Portugal é uma das que estava já em processo de reestruturação, com o encerramento previsto de 15 agências e a saída de alguns trabalhadores.

A actual crise chegou ao banco alemão desde que se soube, em Setembro, que o Departamento da Justiça dos Estados Unidos lhe exige o pagamento de uma multa de 14 mil milhões de dólares – entretanto, terá sido obtido um acordo para fazer descer a multa para perto dos cinco mil milhões (4,5 mil milhões de euros). A possibilidade de a empresa ter de recorrer aos investidores, pedindo mais dinheiro para fazer frente a estes custos adicionais ainda não foi totalmente afastada.

Actualmente, o director-executivo do banco, John Cryan, está a reavaliar a estratégia traçada o ano passado para relançar o grupo. Numa conferência no fim de Agosto, Cryan já tinha dito que o banco deveria ter menos 25 a 30% dos funcionários, justificando esses cortes com a situação nos bancos rivais.

Paradoxalmente, o número de funcionários chegava a meio deste ano aos 101,300, quando era de 98,600 um ano antes. Na Alemanha, onde estão a maioria destes trabalhadores, as leis laborais pesam na decisão de despedir pessoas, tendo em conta os custos. Apesar disto, a questão da multa americana terá obrigado Cryan a decidir agir.

Na Alemanha, a poucos meses de um ano de eleições legislativas, os políticos têm acompanhado os desenvolvimentos no Deutsche Bank com apreensão. O receio é que acabem por ser chamados a emprestar dinheiro ao banco, algo que não é do agrado da maioria dos alemães.

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