Washington Post apoia Clinton e chama "ignorante" e "intelectualmente preguiçoso" a Trump

A candidata do Partido Democrata reúne até ao momento o apoio de 152 publicações contra apenas uma do seu adversário do Partido Republicano.

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Hillary Clinton é "determinada e inteligente", escreve o jornal Lucy Nicholson/Reuters

O Washington Post juntou-se à crescente lista de jornais e revistas norte-americanos que recomendam o voto em Hillary Clinton nas eleições presidenciais deste ano.

Num editorial publicado esta quinta-feira, a direcção do jornal diário deixa claro que não apoia a candidata do Partido Democrata apenas por ser "o menor de dois males", e descreve o seu adversário, Donald Trump, como um candidato "preconceituoso, ignorante, falso, narcisista, vingativo, mesquinho, misógino, fiscalmente negligente, intelectualmente preguiçoso, com desdém pela democracia e enamorado pelos inimigos da América".

A direcção do Washington Post faz referência às "falhas, maus julgamentos e fraquezas" de Hillary Clinton, mas afirma que, ainda assim, a candidata do Partido Democrata é "um modelo de transparência em comparação com o seu adversário".

"Reconhecemos que muitos americanos não confiam e não gostam da sra. Clinton. Esses sentimentos negativos reflectem em parte a divisão amarga que existe na política do país actualmente; em parte os ataques desonestos a que ela tem sido sujeita nas últimas décadas; e em parte as suas verdadeiras falhas, maus julgamentos e fraquezas", escreve a direcção do Washington Post, detalhando depois os casos mais conhecidos: as relações entre a Fundação Clinton e o tempo em que a candidata serviu como secretária de Estado na Administração Obama; os e-mails que mandou apagar do seu servidor pessoal; e a acumulação de riqueza no circuito dos discursos.

Mas o Washington Post olha para a carreira de Hillary Clinton na política norte-americana e vê "uma série de experiências de aprendizagem", posicionando-a como uma pessoa mais qualificada do que o Presidente Barack Obama em termos de política externa.

"Por outras palavras, a sra. Clinton é obstinada, resiliente, determinada e inteligente. Ao contrário do sr. Clinton ou do sr. Bush quando chegaram ao poder, ela conhece Washington; ao contrário do sr. Obama quando chegou ao poder, ela tem experiência executiva. Não deixa que os seus sentimentos se intrometam no trabalho que tem em mãos. Está bem posicionada para concretizar objectivos."

Quanto a Donald Trump, o jornal é taxativo: "Como Presidente seria um sério perigo para a nação e para o mundo."

Numa contagem actualizada esta quinta-feira, Hillary Clinton conta com a declaração de apoio de 106 jornais diários norte-americanos, 31 semanários, sete revistas e oito jornais universitários. Seis jornais diários declararam o seu apoio ao candidato do Partido Libertário, Gary Johnson, e dez recomendaram o voto em qualquer candidato excepto Donald Trump.

Alguns jornais conservadores e que sempre tinham apoiado o candidato do Partido Republicano quebraram essa tradição este ano. O Dallas Morning News, por exemplo, decidiu apoiar Hillary Clinton depois de 75 anos a recomendar o voto nos republicanos. A direcção do Cincinnati Enquirer seguiu o mesmo caminho e quebrou uma tradição com quase 100 anos. Também o Arizona Republic quebrou a mesma tradição, ainda mais antiga: o jornal nunca tinha apoiado um candidato do Partido Democrata desde a sua fundação, em 1890.

O jornal USA Today, que nunca tinha dado a sua opinião sobre os candidatos à Casa Branca, decidiu este ano publicar um editorial anti-Trump, sem recomendar o voto em Hillary Clinton.

Até ao momento, o candidato do Partido Republicano conta com o apoio de apenas um jornal – o Las Vegas Tribune, que acusou "os mainstream media, os liberais e os republicanos anti-americanos de estarem a trabalhar horas extraordinárias para garantirem que Donald Trump, o único candidato que pode salvar esta nação da destruição certa, não ganhe a corrida presidencial de 2016".

 

 

 

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