Casa da Música anuncia Outono com “viagem de Inverno”

Novo coro infantil vai nascer em 2017, numa iniciativa conjunta do Serviço Educativo com escolas do Ensino Básico do Grande Porto.

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As pianistas e irmãs gémeas Christina e Michelle Naughton DR
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Christian Prégardien Marco Borggreve
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Alina Ibragimova Sussie Ahlburg
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Trio Sumrrá DR
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Orquestra Divino Sospiro DR
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Capara do disco de Maria João & Ginga DR
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Joe Lovano DR

Os fogos de Verão não chegaram à Casa da Música, mas o palco da Sala Suggia mais parece, por estes dias, um lugar calcinado por um incêndio – é o cenário para Viagem de Inverno, a produção cénica com que a instituição  vai inaugurar, no próximo dia 13, a segunda edição do ciclo Transgressões e simultaneamente a rentrée musical até ao próximo Natal.

A famosa obra de Schubert, um dos ciclos de canto mais marcantes da história da música, será apresentada agora no Porto na versão composta para tenor (o alemão Christoph Prégardien) e pequena orquestra (Remix Ensemble) pelo compositor também germânico Hans Zender – esta “transgressão” da Viagem de Inverno tendo sido estreada em 1996, e também já encenada este ano em palcos de Londres e do Luxemburgo. Na Sala Suggia, será apresentada com encenação de Nuno Carinhas, que António Jorge Pacheco, director artístico da Casa da Música, considerou ser “a pessoa ideal para materializar em palco o que se passa nas 24 canções” que compõe a obra.

Uma visita ao palco em preparação para a nova produção fez parte, esta quarta-feira, da apresentação da programação da Casa da Música até final do ano. Aí, Nuno Carinhas explicou aos jornalistas ter optado pela criação de “um cenário muito simples”, formado por uma floresta de árvores calcinadas e um espaço negro desenhado a carvão sobre o qual “vários cambiantes de luz criam o ambiente dramático para a sequência das canções e dos lamentos amorosos” de Schubert.

Além da Viagem de Inverno, o ciclo Transgressões terá três outros momentos fortes, com a Orquestra Sinfónica do Porto (OSPCM) a executar a Sinfonia n.º 9 de Mahler (dia 16) e arranjos e transcrições modernas de obras de Bach (dia 24), e ainda um recital de piano solo com Elisso Virsaladze (dia 25), que Pacheco apresentou como “uma lenda viva da Escola Russa”.

A música da Rússia, país-tema da programação deste ano, continuará a preencher boa parte da agenda da Casa, com a conclusão das integrais das sinfonias de Prokofieff e dos concertos para piano de Rachmaninoff. É também da Rússia que virá a artista em residência de À Volta do Barroco (11 a 20 de Novembro), a jovem violinista Alina Ibragimova, para três concertos: um a solo e dois com a Sinfónica e a Orquestra Barroca. No calendário deste festival, destaca-se, a abrir, a estreia na Casa da Música da orquestra Divino Sospiro, com a soprano Francesca Aspromonte e um programa a ilustrar a influência da música italiana na corte de Lisboa.

Ainda na agenda da música erudita, e além de Virsaladze, o Ciclo de Piano vai contar, já na próxima semana (dia 14), com a estreia a solo em Portugal do austríaco Markus Hinterhäuser a executar a integral das sonatas para piano de Galina Ustvolskaia – outra revelação do Ano Rússia –; com as irmãs gémeas americanas Christina e Michelle Naughton (22 de Novembro), também em estreia portuguesa; e com o regresso de Pedro Burmester (17 de Dezembro), desta vez com obras dos seus compositores de cabeceira: Beethoven, Bach e Liszt.

Nos primeiros dias de Novembro, vão cruzar-se as obras de dois compositores “em residência” na Casa: o suíço Heinz Holliger, também maestro e oboísta, e o greco-francês Georges Aperghis, cujos “retratos” vão ser executados pelo Remix Ensemble e pela Sinfónica (dias 1, 3 e 5).

Sob a designação Elogio da Loucura, o Remix vai executar um programa com obras destes dois compositores, incluindo o Ciclo de Scardanelli, que Holliger dedicou ao poeta alemão Friedrich Hölderlin, e o Concerto para violoncelo e ensemble Bloody Luna, que Aperghis criou inspirando-se no caderno de notas de Leonardo da Vinci. Uma volta à Casa com Holliger, a dar a conhecer outras dimensões da obra do compositor suíço e as potencialidades acústicas dos vários cantos do edifício, é outra proposta do retrato dedicado ao compositor suíço.

No mês de Dezembro, no ciclo Música para o Natal, a Sinfónica (dia 16), o Coro e a Orquestra Barroca (dia 23) regressam ao bailado O Quebra-nozes, de Tchaikovski; e interpretam clássicos do barroco, como a Missa para o Santíssimo Natal, de Scarlatti.

Jazz no Outono e Coro Infantil

Fora do calendário erudito, o destaque vai para a 4.ª edição do Outono em Jazz (13 a 19 de Outubro), com cinco concertos duplos, abrindo com o pianista cubano Chucho Valdés e o quinteto do saxofonista americano Joe Lovano, e fechando com o guitarrista brasileiro Alessandro Penezzi e o trio espanhol Sumrrá, este em estreia no Porto. Pelo meio, haverá a música mais experimental da banda turca Konstrukt e do noneto Angles 9, além de Maria João & Guinga (violonista também brasileiro), que estreiam na Casa da Música o disco Mar Afora.

Como é já tradição, o Serviço Educativo (SE) apresentou a programação para todo o “ano lectivo 2016-17”, acompanhando o calendário escolar. Nas iniciativas mais próximas está a comemoração do Dia Mundial da Música (1 de Outubro), numa jornada que colocará vários coros escolares e amadores a circular e actuar em diferentes lugares da cidade do Porto. Mas a principal novidade foi o lançamento do projecto de criação de um Coro Infantil, com a expectativa – anunciou Jorge Prendas, responsável pelo SE – de que, no final de 2017, ele possa vir “a aumentar as estruturas residentes da Casa da Música e possibilitar a realização de concertos corais sinfónicos com vozes brancas”.

O novo projecto vai avançar com três escolas do Ensino Básico do Grande Porto, envolvendo três centenas de crianças, de entre as quais, no final do ano lectivo, serão escolhidas as vozes para integrar o Coro Infantil.

 

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