Uma questão de consciência

É mesmo urgente ajudar os desempregados a ganharem uma nova vida

Desde 2006 que uma das obrigações dos desempregados que recebem subsídio da segurança social é terem que se apresentar quinzenalmente nos centros de emprego ou nas juntas de freguesia da sua área de residência. Esta regra foi criada numa altura em que se estava muito longe dos números actuais de quem não tem trabalho e, por isso, funcionava mais para efeitos de controlo estatístico do que como meio capaz de impulsionar a procura activa de emprego. Com o tempo esta apresentação quinzenal deixou de ter qualquer conteúdo, ficando reduzida a um carimbo burocrático e mimetizando o termo de identidade e residência que os juízes aplicam como medida de coacção a um arguido que tem a sua liberdade de acção diminuída. Uma situação perversa e humilhante que apenas contribui para diminuir ainda mais a auto-estima de quem de certa forma já se sente excluído e (até) marginal à vida activa. Aliás, hoje, numa sociedade altamente competitiva, em permanente evolução de métodos e tecnologias, e com oferta de trabalho escassa é fácil para quem está de fora do mercado laboral sentir-se ultrapassado e a perder terreno depois de seis meses, um ano... sem emprego.

Por isso é urgente transformar a relação dos desempregados com o centro de emprego. Quem tem influência e uma vasta rede de contactos não necessita de recorrer a estes organismos para encontrar trabalho. A maioria, que não tem estes recursos, precisa de ajuda material, mas o essencial é ensiná-la a reinventar-se para dar a volta à vida. Já não se trata apenas do currículo de experiências passadas, mas de descobrir e acrescentar novas competências, o que torna  decisiva uma relação de proximidade entre técnicos e desempregados. Esperemos que a nova legislação que aí vem estimule este caminho, mantendo um equilíbrio saudável entre os direitos e os deveres de quem procura trabalho. Com a consciência de perceber que cada uma das pessoas nestas circunstâncias vive um dos momentos mais dramáticos das suas vidas.

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