Portugueses desenvolvem combustível com vides e dejectos de animais

Investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro querem apostar nos biocombustíveis como alternativa aos combustíveis fósseis.

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Os desperdícios da produção vinícola são parte da matéria-prima usada pela Universidade do Minho para a produção de biocombustível Manuel Roberto

Uma equipa de cientistas portugueses está a desenvolver um combustível sólido resultante do aproveitamento de desperdícios das podas da vinha e do olival, do bagaço de uva e de dejectos animais. O projecto tem já um pedido provisório de patente para, a partir daquele material, fabricar briquetes e estilhas para a produção de energia térmica, soube-se nesta quarta-feira.

"Quisemos desenvolver um biocombustível sólido, com elevado poder calorífico, com vista não apenas ao aproveitamento sustentável de desperdícios e subprodutos agro-pecuários, mas também [para] contribuir para a redução do consumo de energia primária através de fontes de energia renovável, em detrimento dos combustíveis fósseis", disse Amadeu Borges, responsável pela investigação do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), num comunicado daquela instituição.

O combustível sólido tem como principais vantagens a "valorização económica e energética", e, também, "um enorme potencial técnico, económico e ambiental", disse o investigador. "A UTAD quer assim constituir uma alternativa às fontes de energia que continuam actualmente muito dependentes dos combustíveis fósseis, motivo pelo qual as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera continuam a aumentar", referiu Amadeu Borges.

Segundo o investigador, nestes últimos anos, as fontes de energia renovável, como a biomassa, tornaram-se mais competitivas relativamente aos combustíveis fósseis e à energia nuclear.

"O espectro de aproveitamento energético de biomassa é muito vasto e varia desde os biocombustíveis sólidos, para a combustão directa ou gasificação e combustíveis líquidos como óleo vegetal, bioetanol, metanol, até aos biocombustíveis gasosos como biogás ou gás de síntese", explicou. No "caso da biomassa como combustível sólido, a combustão directa tem a maior importância prática para a geração de energia térmica e eléctrica."

A UTAD assinou recentemente um protocolo com a Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis para o estudo das emissões de gases nocivos ao meio ambiente, resultantes da utilização de biocombustíveis, quando comparadas com as dos combustíveis fósseis, com vista ao melhoramento dos biocombustíveis. Amadeu Borges será o responsável pelo trabalho e irá estudar também a performance de motores alimentados a biocombustível e a produção de biocombustíveis gasosos.

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