Nova tabela da ADSE não se aplica aos médicos dentistas

Quem o diz é o ministro da Saúde, que anunciou neste sábado o relançamento da aposta do Governo nas Unidades de Saúde Familiar.

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A Ordem dos Médicos Dentistas protestou contra as alterações nas tabelas da ADSE Nélson Garrido

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse neste sábado que "o que está em causa" com a nova tabela da ADSE "não se aplica" aos médicos dentistas. Em declarações à agência Lusa, à margem do encerramento do 8.º Encontro Nacional das Unidades de Saúde Familiar, em Aveiro, o ministro afirmou "distinguir bem o tipo de reacções" das ordens profissionais e sindicatos, com quem pretende manter diálogo.

"A responsabilidade da ADSE é garantir a defesa dos beneficiários e não garantir que está ao serviço de benefícios e rendas inapropriados. Não podemos acompanhar reacções que são de outro tipo. Há demasiado tempo que a ADSE gasta mal dinheiro que devia gastar bem a cuidar de quem está doente e precisa", disse Adalberto Campos Fernandes.

O ministro atribuiu a "um mal-entendido" a reacção da Ordem dos Médicos Dentistas, que exigiu a suspensão da nova tabela e revelou ter dado instruções ao director geral da ADSE para reunir com o respectivo bastonário "para esclarecer que o que está em causa não se aplica à tabela dos médicos dentistas".

A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) anunciou sexta-feira que iria exigir ao Ministério da Saúde o adiamento da entrada em vigor da nova tabela da ADSE, previsto para 1 de Junho, "face às omissões e restrições".

"A manter-se esta tabela, a OMD usará de todos os meios legais ao seu dispor para fazer valer as prerrogativas legais aplicáveis ao exercício da profissão", anunciou a OMD, cujo bastonário, Orlando Monteiro da Silva, considerou "estranha" a situação, já que tinha sido criado um grupo de trabalho com a ADSE para proceder à "revisão da tabela".

Por seu turno, a presidente do Sindicatos dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Helena Rodrigues, manifestou "profunda estupefacção" com as anunciadas alterações nas tabelas da ADSE, porque "nada foi negociado com as organizações que representam trabalhadores e aposentados".

A ADSE anunciou que, a partir de Junho, tem uma nova tabela, que se traduz numa redução de quatro milhões de euros para este subsistema de saúde da função pública e de um milhão para os beneficiários e refere que, com estas alterações, é reforçada "a sustentabilidade da ADSE" e dado aos beneficiários "uma protecção e uma salvaguarda acrescida, pela fixação prévia do preço do respectivo procedimento cirúrgico".

Apostar nas USF

O ministro da Saúde anunciou também neste sábado que quer criar este ano 30 novas unidades de saúde familiar (USF), que são pequenas unidades dos centros de saúde com autonomia funcional e técnica que visam garantir aos cidadãos inscritos uma carteira básica de serviços.

Falando para uma plateia numerosa de profissionais de saúde no encerramento do 8.º Encontro Nacional das USF, Adalberto Campos Fernandes antevê que 2016 será "um bom ano para os cuidados primários de saúde em Portugal" e de "recuperação do tempo perdido" em infra-estruturas e dotação de meios humanos.

"Estamos com o maior programa de renovação de equipamentos, com novos centros de saúde de que temos vindo a assinar os protocolos com as autarquias, mas também naquilo que diz respeito ao capital humano. Vamos ter em Junho uma das maiores colocações de jovens médicos de família e também os aposentados estão a manifestar a vontade de voltar ao sistema", salientou o ministro.

O titular da pasta da Saúde disse acreditar que no segundo semestre deste ano estarão reunidas as condições para "uma grande recuperação do número de portugueses que ainda não têm médico de família e com isso aliviar a procura dos hospitais, com mais proximidade, mais segurança e mais qualidade".

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