Depois de sete anos em contentores, alunos de Camarate vão ter “uma escola a sério”

O presidente da Câmara de Loures e a vereadora da Educação apresentaram aos alunos e aos professores o projecto da nova escola. A obra custa 2,2 milhões de euros e deverá estar pronta em Abril de 2017

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Rui Gaudêncio
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Depois de sete anos a ter aulas em contentores, os alunos da Escola EB1 n.º 1 de Camarate, em Loures, vão finalmente ficar a saber como é frequentar “uma escola a sério”. No “pedacinho de tempo” que falta até que o novo equipamento esteja concluído, crianças e professores só terão que olhar para o lado de lá da rua para ver o sonho de muitos anos ganhar forma.

“A escola que vocês merecem vai ser construída”, anunciou esta quinta-feira a vereadora da Educação da Câmara de Loures. A ouvi-la estavam aqueles a quem esta notícia mais interessa: as cerca de 90 crianças que frequentam a escola e todos aqueles que lá trabalham diariamente.

“Engenheiros, arquitectos e operários vão fazer uma escola muito boa, muito bonita”, continuou Maria Eugénia Coelho, alertando no entanto que a obra “vai demorar um pedacinho de tempo”. Traduzindo para linguagem de crescido, a previsão da câmara é que a empreitada de construção do equipamento se prolongue até Abril do próximo ano, o que permitiria que as aulas do 3.º período já tivessem lugar nas novas instalações.

Até lá, a vereadora desafiou os alunos do jardim-de-infância e do primeiro ciclo a serem “fiscais da obra”, a avaliarem “se a estão a fazer bem feita, se os tijolos estão no sítio certo, se a pintura tem uma cor bonita”. Para isso, os alunos instalados em contentores só têm que olhar para o outro lado da Rua dos Bombeiros Voluntários, para o terreno onde está hoje a antiga Escola EB1 n.º 1 de Camarate, que vai ser demolida para dar lugar a um equipamento novinho em folha.

Foi nessa antiga escola que o actual presidente da Câmara de Loures fez a maior parte da sua instrução primária, no final dos anos 70 do século passado e no início da década seguinte. Desses tempos, Bernardino Soares recorda a professora, cujo nome não esqueceu, mas também o olival ali ao lado e a seara na qual ele e os amigos corriam, fazendo voar muitas perdizes.

“Era uma coisa campestre”, diz com um sorriso, contando que ainda hoje os seus pais vivem bem perto dali, “no centro de Camarate, ao pé da igreja”.

Várias décadas depois de Bernardino Soares por lá ter passado, o equipamento escolar encerrou por decisão da Câmara de Loures, em 2009. “O executivo anterior decidiu fechar a escola para fazer obras. Mas não fizeram as obras e várias gerações de miúdos fizeram o primeiro ciclo em contentores”, lamenta o autarca comunista em declarações ao PÚBLICO, acrescentando que desde então o edifício de dois pisos foi sendo vandalizado.

A obra que está já em marcha, e que tem um custo estimado de 2,2 milhões de euros, passa pela construção de um novo edifício, com oito salas de 1.º ciclo e três de jardim-de-infância. “Vai ser uma escola com boas condições para aprender, para brincar, para crescer, o que nos últimos sete anos não aconteceu”, resumiu Bernardino Soares à plateia formada por quase uma centena de pequenos ouvintes.

“A nova escola não vai ter os problemas que esta tem. De frio, de calor. E vai ter o recreio que merecem”, continuou, acrescentando ao rol de melhorias “um ginásio com balneários, uma biblioteca com todas as condições, salas para pinturas e barro e espaço para uma horta pedagógica”.

“É uma das maiores obras que a câmara vai fazer nestes anos. Vai custar muito dinheiro”, disse ainda Bernardino Soares, que se despediu com a promessa de regressar daqui a um ano, para inaugurar a nova escola.

Para a vereadora da Educação, a realização desta empreitada é também a prova de que “em Loures a educação é uma prioridade”. Lamentando as “más” condições da escola actual, Maria Eugénia Coelho apelidou de “perfeitas heroínas” as mais de dez pessoas que aí trabalham.

“Muitas crianças passaram todo o 1.º ciclo sem conhecerem uma escola de verdade”, constatou em declarações ao PÚBLICO, acrescentando que isso fez com que muitos pais optassem por inscrever os seus filhos noutros equipamentos, levando ao esvaziamento daquela que em tempos tinha sido uma escola “enorme”. 

Em Outubro de 2014, numa conferência de imprensa de balanço do seu primeiro ano como presidente da Câmara de Loures, o autarca tinha apontado a intervenção nesta escola de Camarate como um dos “investimentos essenciais” a fazer no concelho. Na altura, Bernardino Soares dizia não ter “nenhuma perspectiva” de quando seria possível concretizá-lo, mas a contracção de um empréstimo de 12 milhões de euros em 2015 alterou a situação.

Foi também graças a esse empréstimo que a câmara conseguiu pôr em marcha a concretização de outro dos investimentos que Bernardino Soares apontara como essencial: a conclusão da obra de construção do Centro Comunitário de Santo António dos Cavaleiros. 

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