Prisão permitiu travar atentado de "extrema violência", diz procurador de Paris

Muitas armas, explosivos, telemóveis, passaportes e instruções para fabricar bombas encontrados na casa de detido sugeriam que estava em preparação novo ataque.

Foto
A prisão deste jihadista aconteceu pouco antes da grande operação em Bruxelas PATRIK STOLLARZ/AFP

A prisão de Reda Kriket nos arredores de Paris na quinta-feira passada permitiu evitar “uma acção de extrema violência”, afirmou o procurador de Paris, François Molins, anunciando que este homem de 34 anos, já condenado à revelia na Bélgica por recrutamento de jihadistas, está a ser investigado por uma série de acusações relacionadas com terrorismo.

A detenção foi feita por terem sido encontrados indícios de “participação numa associação de malfeitores terroristas e criminosos, que estavam a preparar um ou vários crimes contra pessoas”, explicou o procurador. Outras suspeitas de crimes são as de “formação de bando para aquisição, posse e cedência de armas”, “para fabrico de engenhos explosivos ou incendiários”, bem como “posse e transporte de produtos e substâncias incendiárias ou explosivas com vista à preparação de atentado”.

Quase tudo o que encontraram que tivesse a ver com explosivos e atentados terrorista está a ser usado para investigar Kriket, em cuja casa foi encontrado um grande arsenal, bem como materiais para produzir explosivos. Foram também descobertos na casa em Boulogne-Billancourt cinco passaportes falsos, sete telemóveis novos e dois computadores, onde foram encontradas instruções para produzir bombas e informações sobre grupos jihadistas, adiantou o magistrado.

“Tudo sugere que estas descobertas permitiram evitar um acto de grande violência que seria cometido por uma rede terrorista”, afirmou Molins, citado pela Reuters. A detenção terá servido para desencadear a grande operação antiterrorista em Bruxelas na Sexta-feira Santa, que se alargou a vários países europeus durante o fim-de-semana da Páscoa.

Suspeita-se que este francês de 34 anos tenha passado algum tempo na Síria em finais de 2014 e no início de 2015 juntamente com outro homem, Anis Bahri, detido em Roterdão, na Holanda, a 27 de Março, a pedido das autoridades francesas, e que está a aguardar extradição para França.

Reda Kriket é bem conhecido da justiça francesa e belga: foi condenado à revelia, em Bruxelas, em Julho de 2015, juntamente com Abdelhamid Abaaoud, num vasto processo judicial contra pessoas que estiveram ligadas (organizadores e voluntários) a uma rota que levava jihadistas para a Síria, disseram esta sexta-feira fontes policiais citadas pela AFP.

No processo em que foi julgado à revelia, Kriket, um dos nomes da ampla "galáxia jihadista" franco-belga — foi condenado a dez anos de prisão. Abaaoud foi condenado no mesmo julgamento (e também à revelia) a 20 anos de prisão. 

No total, 28 pessoas foram condenadas no dia 29 de Julho de 2015, no processo relativo a uma rede jihadista dirigida pelo pregador Khalid Zerkani, um bruxelense de 42 anos que actualmente está na prisão e conhecido pelos seus seguidores como Papa Noel. Zerkani é descrito pela justiça belga como "o maior recrutador" de jihadistas no país. Mas muitos dos que foram então julgados nunca foram sequer capturados, apesar de haver mandados de captura contra eles.

Sugerir correcção
Comentar