Dilma: "Impeachment sem crime de responsabilidade é o quê? É golpe"

Evento no Palácio do Planalto transformado em comício pró-Presidente. Sondagem mostra que a esmagadora maioria dos brasileiros reprova a governação de Dilma.

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No exterior do Palácio do Planato, já há uma contagem informal dos pró e conra a destituição de Dilma ANDRESSA ANHOLETE/AFP

A cerimónia de lançamento da terceira fase do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, que se realizou esta quarta-feira no Palácio do Planalto, em Brasília, transformou-se num gigantesco comício de apoio político a Dilma Rousseff. Um dia depois de ter perdido o apoio do principal partido aliado da coligação, a Presidente brasileira voltou a afirmar que o processo de impeachment que o Congresso abriu contra ela não passa de um “golpe”.

Os convidados que encheram o salão nobre do palácio interromperam várias vezes o discuro de Dilma para gritarem palavras de ordem de apoio ao Partido dos Trabalhadores e à Presidente. Ao mesmo tempo que decorria a cerimónia, jornais e televisões brasileiras divulgavam a mais recente sondagem do centro Ibope (encomendada pela Confederação Nacional da Indústria), que mostra que 82% dos brasileiros reprovam muito ou totalmente a forma como Dilma Rousseff está a governar o país.

No Palácio do Planalto, Dilma discursava. "É absolutamente má-fé dizer que todo impeachment está correcto. Para estar, a Constituição exige que se caracterize crime de responsabilidade. É isso. Impeachment sem crime de responsabilidade é o quê? É golpe. É esta a questão. Não adianta fingir que estamos discutindo em tese o impeachment. Estamos discutindo um impeachment muito concreto, sem crime de responsabilidade".

"Não adianta discutir se o impeachment está ou não previsto na Constituição. Está, sim. O que não está previsto é que sem crime de responsabilidade ele é passível de legalidade e legitimidade. Não é. E aí o nome é golpe", insistiu a Presidente brasileira, que agora, sem apoio oficial do PMDB, tem de tentar formar uma frente parlamentar capaz de anular o conjunto de congressistas que se dizem dispostos a votar a favor da sua destituição. Até ao fim de semana deverá anunciar uma remodelação do governo, já com novos nomes arregimentados para esta “aliança anti-golpe”.

A assistência que esteve no Palácio do Planalto, formada na sua maioria por representantes de movimentos sociais e beneficiários do programa Minha Casa, Minha Vida, aplaudiu a Presidente quando esta garantiu que vai continuar a gastar dinheiro nos programas sociais destinados aos mais desfavorecidos. A plateia respondeu gritando frases como "Não vai ter golpe", "No meu país eu boto fé porque ele é governado por mulher", "Pode tremer e pode chorar, a Dilma fica e o Lula vai voltar", "Golpistas e fascistas não passarão".

 

 

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