Médicos sem Fronteiras abrem campo humanitário em França

Novo acampamento situa-se apenas a 40 quilómetros da "Selva" de Calais. ONG espera que possa acolher cerca de 2500 pessoas.

Foto
O campo foi construído sem o acordo do governo Pascal Rossignol/Reuters

A organização não-governamental Médicos sem Fronteiras (MSF) abriu esta segunda-feira um campo humanitário no norte de França, o primeiro em conformidade com as normas internacionais desde o início da crise migratória que começou no início do ano passado.

O novo campo situa-se em Grande-Synthe, a apenas 40 quilómetros da “Selva” de Calais, e irá acolher imigrantes e refugiados que estão a viver em condições degradantes em bairros de lata perto da cidade de Dunkerque. Oficialmente vivem nestes bairros cerca de mil pessoas, incluindo 60 mulheres e 74 crianças. Contudo, várias ONG apontam para que o número real se situe na casa das três mil pessoas.

Constituído por pequenas cabanas de madeira aquecidas que podem acolher quatro pessoas cada, este novo acampamento terá ainda uma cozinha comunitária e uma escola, e será gerido pela associação Utopia56.

“Existem hoje 220 cabanas disponíveis que podem acolher pelo menos 1500 pessoas. Esperamos ter 375 [cabanas] no curto prazo”, afirmou a coordenadora dos MSF, Angelique Muller, à AFP. A expectativa é que o novo campo possa acolher cerca de 2500 pessoas.

Este projecto, financiado sobretudo pelos MSF e com o apoio da Comunidade Urbana de Dunkerque, não teve a bênção do Governo francês, que não vê com bons olhos a construção de novos acampamentos para imigrantes e refugiados.

“A política do Governo não é reconstruir um campo em Grande-Synthe, mas sim fazê-lo desaparecer”, afirmou, em meados de Fevereiro, Jean-Francois Cordet, um administrador do governo local, à AFP.

O Governo francês tem pedido aos habitantes dos bairros de lata de Grande-Synthe e da “Selva” de Calais para procurarem abrigo nos vários centros comunitários do país - onde poderão requerer asilo -, o que não vai ao encontro dos objectivos dos imigrantes e refugiados, que procuram atravessar o Canal da Mancha para chegar ao Reino Unido.

A pressão sobre os refugiados e imigrantes é cada vez maior, com as suas dificuldades a aumentarem ainda mais perante os trabalhos de demolição da “Selva” de Calais, envoltos em protestos e confrontos

Sugerir correcção
Comentar