Podemos suspende negociações com o PSOE em Espanha

Esquerda radical não aceita acordo entre os socialistas e o Cidadãos e compromete investidura de Pedro Sánchez.

Foto
A liderança do Podemos: Xavi Domenech, Pablo Iglesias e Íñigo Errejón GERARD JULIEN/AFP

O partido de esquerda radical Podemos acabou de anunciar a suspensão das negociações com os socialistas com vista à formação de um governo de coligação em Espanha, na sequência de um acordo de investidura alcançado entre o PSOE e o partido de centro liberal Cidadãos.

Este acordo “impede a possibilidade de formar um governo plural e de mudança”, declarou em conferência de imprensa o porta-voz e número dois do Podemos, Íñigo Errejón. O anúncio foi feito pouco antes do início previsto de uma nova ronda negocial entre os socialistas, o Podemos e duas formações regionais, Compromisso e Esquerda Unida, e na qual o partido disse que não iria participar.

O apoio do partido dirigido por Pablo Iglesias é indispensável para os socialistas conseguirem e investidura do Parlamento, durante um debate que terá início no dia 1 de Março. “[Mas depois deste acordo PSOE-Cidadãos] estamos condenados ao fracasso da investidura [de Pedro Sánchez]”, disse Errejón.

Para o Podemos, o PSOE acolheu a ideologia liberal do Cidadãos, nomeadamente em matérias como o direito do trabalho, não havendo no programa de governo de Sánchez garantias de uma maior defesa dos direitos dos trabalhadores que possam reverter a reforma do mercado de trabalho levada a cabo pela direita em 2012 que reduziu consideravelmente esses mesmos direitos.

“[O acordo assinado pelo PSOE e o Cidadãos, que implica o apoio dos centristas à investidura do líder socialista,] aproxima-nos das políticas económicas que nós queremos abandonar”, disse Íñigo Errejón.  “Vamos continuar a tentar, depois desta investidura abre-se outro tempo”, acrescentou o porta-voz do Podemos. “Para já não conseguimos. A mudança não era apenas tirar Rajoy da Moncloa, mas também as suas políticas. Mas a mão continua estendida.”

As eleições legislativas de 20 de Dezembro produziram uma paisagem política fragmentada, sem que nenhum partido tivesse alcançado uma maioria para governar. O PP de Mariano Rajoy foi o partido mais votado, mas não conseguiu aliados para formar uma aliança governativa.

Seguiu-se Pedro Sánchez, líder do PSOE, o segundo partido mais votado, que tentava agora formar um governo com o apoio tanto do Podemos como do Cidadãos. Para já, o seu plano está destinado a fracassar.

Sugerir correcção
Ler 8 comentários