Pai das meninas atiradas ao Tejo nega "barbaridades" sobre as filhas

Nelson Ramos diz estar a viver "momentos de profunda dor" e pede que respeitem o seu silêncio até ser "capaz" de prestar esclarecimentos.

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As buscas pela criança desaparecida prosseguiram hoje, sem sucesso Enric Vives-Rubio

O pai das meninas, uma de 19 meses e outra de quase quatro anos, que foram atiradas ao rio Tejo na passada segunda-feira negou esta quarta-feira de forma veemente "todas as barbaridades" veiculadas "em alguma comunicação social", sem nunca se referir expressamente às suspeitas de abuso sexual das filhas e de violência doméstica sobre a antiga companheira.

"Vivo momentos de profunda dor. Perdi as minhas filhas. Tenho que defender a honra e o bom nome do pai da Samira e da Viviane que só não fez mais porque não o deixaram", lê-se no comunicado, assinado por Nelson Ramos. "Desde a minha separação que procurei ser um pai presente e não faltar com nada às minhas filhas", refere, dizendo ter visitado as filhas "sempre" que lhe foi permitido. 

O pai das meninas conta que procurou auxílio na Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, na comissão de protecção e no tribunal de família, mas queixa-se de que não o quiseram ouvir "seja pessoalmente ou através" dos seus advogados. Promete, quando se sentir "capaz", prestar mais esclarecimentos e pede que, neste momento, respeitem o seu silêncio.

"Apelo aos meios de comunicação social que respeitem o meu silêncio, a minha privacidade, a minha dor e o meu luto e me permitam zelar pela memória das minhas filhas", pede Nelson Ramos.

O advogado do pai, Rui Maurício, confirmou ao PÚBLICO que o seu cliente, técnico de audiovisual, foi ouvido pela Polícia Judiciária esta terça-feira, no âmbito do inquérito aberto após as meninas terem sido atiradas ao rio. E que já em Janeiro tinha sido ouvido num outro inquérito que investigava suspeitas de abuso sexual e de violência doméstica que o visavam.

Rui Maurício desvaloriza as queixas e diz que a antiga companheira do cliente, alega que o pai beijava na boca a filha mais nova e que estes não eram apenas beijos de afecto. Sobre a violência doméstica, o defensor diz estarem em causa duas ou três discussões do casal, que está separado desde Novembro passado. Os dois viveram mais de quatro anos juntos.

A Procuradoria-Geral da República confirmou que, “na sequência de uma participação efectuada na PSP, a que foi junta uma comunicação recebida do Hospital Amadora-Sintra, foi instaurado, em finais de Novembro, um inquérito onde se investigam factos susceptíveis de integrarem os crimes de violência doméstica e de abuso sexual de crianças”. O processo “corre termos no DIAP de Lisboa-Oeste (secção de Sintra) e encontra-se em segredo de justiça”.

Já antes, a presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) da Amadora referira ter recebido uma comunicação da PSP com suspeitas de abusos sexuais. "A sinalização tinha que ver com a prática de abuso sexual do pai", disse ao PÚBLICO a presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) da Amadora, Joana Garcia da Fonseca. A família, que vivia em Carenque, no concelho da Amadora, estava sinalizada por violência doméstica, e também aqui o suspeito era o pai das crianças. 

Notícia Corrigida às 22h28: retirada a indicação de que a mãe das meninas era agente da PSP, na realidade a mulher está actualmente desempregada.

O comunicado na íntegra

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