PC chinês "usa todos os meios para controlar a imprensa"

Relatório da Federação Internacional de Jornalistas diz que, em 2015, a liberdade de imprensa diminuiu em Hong Kong, Macau e China.

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REUTERS/Jason Lee

A liberdade de imprensa em Hong Kong, Macau e interior da China deteriorou-se em 2015, concluiu um relatório da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) divulgado este sábado. Diz o relatório que "o Partido Comunista Chinês usa todos os meios à sua disposição para controlar a imprensa".

A oitava avaliaçãoda organização, que denuncia a autocensura e a crescente influência de Pequim sobre os meios de comunicação em Hong Kong, surge numa altura em que o desaparecimento de cinco livreiros da antiga colónia britânica fez aumentar as preocupações dos residentes quanto à erosão das liberdades naquela região administrativa especial chinesa. Os cinco eram funcionários da editora Mighty Current, conhecida por publicar títulos críticos dos líderes de Pequim.

O documento também prevê maiores pressões na cidade, que irá ter eleições legislativas este ano e escolher o próximo chefe do Executivo em 2017. "Atendendo a que Hong Kong vai a eleições no próximo ano, o partido está também a usar a sua considerável riqueza para consolidar a sua influência na região", acrescenta.

Entre outras situações referentes a 2015, o relatório refere o caso do incêndio na casa do magnata da comunicação social de Hong Kong Jimmy Lai, e na sede da sua empresa Next Media, que publica o jornal Apple Daily.

Outro caso diz respeito ao jogo de qualificação para o Mundial 2018 disputado entre a China e Hong Kong, em que, segundo o Apple Daily, jornalistas foram detidos pela polícia durante três horas e acusados de "jornalismo ilegal".

"A polícia também pediu para eles escreverem uma carta de arrependimento. Outros jornalistas queixaram-se que tinham sido identificados e levados pela polícia assim que chegaram ao estádio da cidade chinesa de Shenzhen", acrescenta o documento.

O relatório do ano passado alertava para "as jogadas de bastidores", numa altura em que as tensões permaneciam elevadas em Hong Kong, após mais de dois meses de ocupação das ruas no final de 2014, em protesto em prol do sufrágio universal.

Ken Tsang, um activista pró-democracia que foi alegadamente espancando pela polícia durante estes protestos, numa agressão captada pelas câmaras de televisão, disse na quinta-feira, após uma audição em tribunal, que a situação relativamente às ameaças às liberdades em Hong Kong era "terrível".

Hong Kong tem um estatuto semiautónomo após ter sido devolvido à China pela Grã-Bretanha em 1997, e mantém uma liberdade que não existe no território continental.

No entanto, há receios de que estas liberdades estejam a desaparecer em Hong Kong, particularmente após as grandes manifestações pró-democracia em 2014 e a rejeição, em Junho de 2015, da reforma política proposta por Pequim para o território.

Já sobre Macau, o relatório refere um caso ocorrido a 15 de Março, em que um jornalista foi afastado por seguranças durante uma cerimónia de inauguração de uma exposição no casino MGM, quando tentava entrevistar responsáveis do Governo.

Outro incidente, reportado pelo All About Macau, remonta a 23 de Abril, quando profissionais da televisão MSTV foram bloqueados por pessoas não identificadas ao tentarem fazer a cobertura de um incêndio num dormitório da Universidade de Macau.

A apreensão, a 21 de Maio, pelas autoridades do interior da China, de cerca de 1.000 cópias de um livro lançado pelo activista Sulu Sou, antigo presidente da Associação Novo Macau, é também referida no relatório.

O relatório da FIJ, apresentado no Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong, indica que as perspectivas para 2016 para o interior da China são "piores". As autoridades chinesas detiveram e pressionaram jornalistas, recorreram a confissões forçadas difundidas na televisão e a outros métodos, limitando e influenciando o jornalismo, refere o relatório. 

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