Mota-Engil África deixa bolsa a valer quase metade da cotação inicial

Empresa já tinha reconhecido que está no mercado africano "não com a perspectiva de há dois anos".

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Títulos da empresa desvalorizaram logo após a estreia Dário Cruz

Os títulos da Mota-Engil África, subsidiária do grupo para o continente africano, saem da bolsa de Amesterdão a partir de quinta-feira, um ano e duas semanas depois de terem começado a negociar e a valer quase metade.

Ao final da manhã do último dia de negociações da Mota-Engil África, os títulos, que deram entrada na bolsa de Amesterdão a 24 de Novembro de 2014 a 11,50 euros, valor que corresponde ao máximo alcançado, estão a ser transaccionados por 6,03 euros, que se aproxima do valor médio a que foram transaccionados durante a permanência em bolsa.

Segundo a informação disponibilizada pela agência de informação financeira Bloomberg, as acções da Mota-Engil África foram negociadas a um valor médio de 6,5 euros, tendo o mínimo sido atingido a 1 de Outubro, dez dias antes de a companhia ter anunciado a intenção de retirar dos títulos por considerar que "deixaram de representar o justo valor" da empresa.

O plano era cotar a participada africana do grupo Mota-Engil na bolsa de Londres, antes do verão de 2014, mas a instabilidade trazida pelo caso do grupo Espírito Santo levou a construtora a suspender a operação, que acabou por ser concretizada na bolsa de Amesterdão meses mais tarde e com menos capital (foram colocadas em bolsa apenas as acções dadas sob a forma de dividendos aos accionistas da Mota-Engil).

A estreia foi atribulada: duas horas após o arranque das negociações por 11,5 euros, os títulos já derrapavam 16%, para os 9,65 euros, sem que nunca tenham voltado a atingir o valor de referência.

Aliás, na sessão de 3 Dezembro de 2014, as acções fecharam a valer 9,86 euros e não voltaram a cotar nos dois dígitos.

No passado dia 23 de Novembro, a Mota-Engil África aprovou, em assembleia-geral extraordinária, as propostas de compra de acções próprias e a saída da empresa da bolsa de Amesterdão, com o presidente a dizer que a intenção é continuar a crescer naquele continente, mas com um ritmo diferente do previsto há dois anos.

"Os negócios [em África] estão a andar razoavelmente, numa perspectiva de continuidade e de crescimento. Aquilo que se apurou é que não fazia sentido fazer a dispersão de África quando os preços das commodities e do petróleo, dos quais as economias africanas estão muito dependentes, estão extremamente baixos, e por isso o que fizemos foi comprar outra vez a totalidade das ações da Mota-Engil África e retirá-la da bolsa [de Amesterdão]", afirmara o presidente do conselho de administração, António Mota, em declarações aos jornalistas no final da assembleia-geral de accionistas, de 23 de Novembro.

Recordando que a Mota-Engil está "há 70 anos em África", onde "cresceu sempre", mesmo que "umas vezes mais, outras menos", António Mota disse manter "muita esperança de que as coisas continuem a correr bem" naquele continente, embora admitindo que já "não com a perspectiva de há dois anos".

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