CGD com lucros de 3,4 milhões nos primeiros nove meses

Valor compara com o lucro de 55,5 milhões apurado no mesmo período de 2014.

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A CGD contabiliza reformas a pagar a cerca de uma vintena de ex-administradores na ordem dos dois milhões de euros (brutos) por ano Gonçalo Português

Entre Janeiro e Setembro, o grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou um resultado consolidado de 3,4 milhões de euros, que compara com o lucro de 55,5 milhões apurado no mesmo período de 2014 (nos primeiros nove meses de 2013 a Caixa apresentou-se com um prejuízo de 283,5 milhões de euros)

Os resultados do maior banco português antes de impostos e de interesses minoritários cifraram-se em 176,7 milhões de euros, um acréscimo de 328,1 milhões de euros face a idêntico período do ano anterior. Em termos líquidos, depois de pagamento de impostos, o lucro dos primeiros nove meses do ano foi de 3,4 milhões de euros. A administração da Caixa espera atingir este ano a rentabilidade operacional, sem necessidade de recorrer a operações não recorrentes ou à alienação de activos. 

O rácio de transformação de crédito em depósitos situou-se em 93,1% (abaixo do limite máximo de 120% recomendado pelo Banco de Portugal), com o indicador de liquidez Liquidity Coverage Ratio (LCR) a chegar ao final de Setembro em 148,1%, acima dos níveis mínimos exigidos.

Já os rácios de capital, Common Equity Tier 1 (CET 1), calculados seguindo as novas regras internacionais, situavam-se respectivamente, em 10,7% e 9,7%. O volume de financiamento obtido junto do eurosistema estava em Setembro em 2815 milhões de euros, menos 295 milhões de euros do que o montante contabilizado em Dezembro de 2014.

A CGD não tem previsão de pagamento do financiamento de 900 milhões de Cocos em 2016. O grupo tem até ao final de 2017 para devolver o empréstimo ao Estado o que fará quando a situação permitir e os rácios mínimos exigidos estiverem a ser cumpridos.

De acordo com uma nota enviada à comunicação social, o grupo liderado por José Matos destaca como contributos para a evolução o aumento de 12,1% da margem financeira (mais 94,7 milhões de euros), fruto da redução de 22% do custo de funding (menos 399,3 milhões de euros), que compensou a diminuição nos proveitos de operações activas; “resiliência” das comissões líquidas, de 375,1 milhões, com queda de 6,1 milhões de euros (-1,6%); evolução em mais de 54,4% dos proveitos das operações financeiras, de 329 milhões de euros, dos quais 91,8% foram obtidos nos primeiros seis meses do ano.

O banco estatal destaca ainda a contenção nos custos operativos, com um acréscimo de 1,6% nas várias geografias em que a CGD está presente e recuperação e desaceleração do risco de crédito. A redução do quadro de pessoal da Caixa em 2015 deverá abranger 420 pessoas. Já saíram 117 colaboradores e aderiram ao regime de reformas antecipadas 111. As negociações para a pré-reformas vão abranger mais 200 trabalhadores.

Quanto ao balanço consolidado, atingiu 99,550 milhões de euros, menos 0,7% face ao mês homólogo do ano anterior, com os recursos de clientes a cifrarem-se em 71,067 milhões, mais 983 milhões de euros. No período em análise os recursos de clientes representavam 76,2% do total dos passivos captados pela CGD, com o crédito a clientes (incluindo créditos com acordo de recompra) a cifrar-se em 71,408 milhões de euros, sendo a fatia correspondente à nova produção de crédito à habitação de 710,4 milhões de euros (+94,3% em termos homólogos), enquanto às PME se aproximou dos 4000 milhões de euros, mais 23%.  

Entre Janeiro e Setembro, o banco público pagou 109 milhões de euros em impostos.

A actividade internacional contribuiu com 84,7 milhões positivos para o resultado líquido do grupo. O BNU Macau (45,8 milhões), a sucursal em França (28,9 milhões),  o BCG Espanha (20,4 milhões) e a Caixa Angola (19,6 milhões) compensaram as perdas de 30 milhões registadas nas operações de Cayman e da sucursal em Espanha. 

 

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