Dead Combo para crianças? Só no Big Bang

O festival de música e aventura ocupa todo o CCB durante dois dias, esta sexta-feira e sábado. A União Europeia aumentou o apoio e a organização alargou o programa.

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O festival é dedicado ao público entre os quatro e os 12 anos Daniel Rocha

Os Dead Combo aceitaram o desafio que todos os anos o Big Bang faz a músicos de diferentes estilos para que criem peças destinadas a um público entre os quatro e os 12 anos. Assim, nesta 6ª. edição, o grupo dá a conhecer A Cidade da Tristeza Profunda, “uma fábula sobre o poder da música” e que se traduz num “espectáculo de sombras, no qual músicos, marionetas, paisagens e objectos se encontram num imaginário sem palavras, cheio de notas musicais”, descreve o programa.

Houve mais artistas portugueses convidados a reflectir sobre “como ouvem as crianças e que imaginários as podem manter implicadas ao longo dos espectáculos”, diz ao PÚBLICO Madalena Wallenstein, coordenadora e programadora da Fábrica das Artes do Centro Cultural de Belém, e enumera alguns: “O compositor e pianista Filipe Raposo, que se juntou ao artista plástico António Jorge Gonçalves [4 Mãos], Filipe Faria e Tiago Matias [Babel ou Quando Todos Falamos a Mesma Língua], que nos trazem canções renascentistas da Península Ibérica, Joana Bagulho, cravista que criou um quarto dos músicos com a sua filha e ilustradora Beatriz, e a Sonoscopia [INsono], que vem do Porto com uma nova instalação interactiva de objectos sonoros.”

O primeiro dia do Big Bang – Festival de Música e Aventura para Público Jovem – esta sexta-feira – é sempre dedicado às escolas e o segundo, sábado, às famílias. Portugal foi o primeiro desta parceria de sete países europeus a insistir para que houvesse um dia só para estabelecimentos de ensino, garantindo assim o acesso a muitos miúdos que, de outra forma, não teriam a possibilidade de assistir a este tipo de espectáculos. “É a nossa defesa do acesso democrático à cultura”, disse Wallenstein durante a preparação da edição anterior, que teve uma taxa de ocupação de 93,2% e emitiu 5400 bilhetes.

O Big Bang começou em 2010 e “propõe-se como um espaço de programação inovador e estimulante no que toca a criação artística para públicos jovens”. Tem uma premissa “muito importante”, que Wallenstein quer sublinhar: “Trata-se de oferecer uma experiência de fruição artística. Não há ninguém a explicar ou a traduzir seja o que for.”

A estrutura do festival mantém-se inalterável, “mas há sempre uma enorme surpresa nos conteúdos”, conta a organizadora, lembrando que “em cada sala está guardada uma novidade para revelar, e a geração Big Bang já sabe isso”.

No entanto, este ano, há um projecto inteiramente novo que está também a ser desenvolvido nas edições do festival nos outros países. São os embaixadores Big Bang: crianças que integram as equipas de comunicação das instituições participantes. “Em Lisboa, os embaixadores são dez crianças e jovens dos oito aos 13 anos que, depois de uma formação decorrida em Setembro na Fábrica das Artes, coordenada pela jornalista Inês Fonseca Santos e pelo realizador Pedro Macedo, formaram uma sólida equipa de reportagem. Durante uma semana, todos puderam vestir a pele de jornalista, de realizador, de cameraman (ou camerawoman) ou de técnico de som”, descreve a coordenadora da Fábrica das Artes num email.

Conta ainda que, “na semana que antecede o festival e nos dias do evento, os embaixadores Big Bang estão no terreno a entrevistar artistas, público e equipas do CCB, assim como a dar apoio e acolher o público do festival”.

O aumento de verbas da UE para o projecto permite “investir de forma bastante mais sólida na criação artística em cada um dos países e na programação apresentada” e “proporciona a circulação de programadores, artistas e os seus projectos por todos os países da rede”. Esta circulação, segundo Madalena Wallenstein, “promove o debate à volta da inovação musical para os públicos jovens”.

Dá como exemplo a possibilidade que tiveram este ano de receber dois projectos nómadas, “uma proposta em que é convidado um artista de outro país a trabalhar com um grupo de crianças ou jovens músicos do país anfitrião”. Um desses projectos é o Hop Frog, “uma fanfarra de músicos que vieram da Bélgica e que estão há já vários dias a trabalhar com a nossa Big Band Jr., constituída por jovens entre os 15 e os 18 anos, para se apresentarem num espectáculo no Grande Auditório do CCB” (sábado, 17h). Madalena Wallenstein conclui com entusiasmo: “O encontro entre eles foi explosivo e transformador e isso vai sentir-se no espectáculo.”

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