Conselho Português lamenta adiamento da distribuição de refugiados na Europa

Presidente do Conselho Português para os Refugiados considera "decepcionante o impasse criado". Ministros do Interior da União Europeia adiaram para o início de Outubro a distribuição de mais de 120 mil refugiados.

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A presidência da União Europeia descartou, em Dezembro passado, a expulsão da Grécia do espaço Schengen AFP

A presidente do Conselho Português para os Refugiados manifestou-se esta terça-feira decepcionada com o facto de os ministros do Interior da União Europeia terem adiado para o início de Outubro a distribuição de mais de 120 mil refugiados.

Em declarações à agência Lusa, Teresa Tito Morais declarou ser "decepcionante o impasse criado", lamentando que continuam a haver "contradições no seio dos Estados-membros, o que não perspectiva a decisão rápida que se impõe".

"Perante a amplitude do problema e a necessidade urgente de que se tome medidas equitativas entre todos os Estados-membros, vemos que a Europa, os governos europeus, não estão à altura de responder a esta situação humanitária", frisou Teresa Tito Morais, relativamente ao adiamento, na segunda-feira, da decisão de acolhimento na Europa de 120 mil refugiados.

Na segunda-feira, a reunião extraordinária de ministros do Interior da União Europeia (UE) não trouxe qualquer conclusão ao problema dos refugiados sírios, com os 28 governantes a falharam um acordo sobre um sistema de repartição de mais 120 mil refugiados.

Teresa Tito Morais lembrou que a questão dos refugiados é um problema que tem vindo a "agravar-se", acrescentando que em Abril deste ano falava-se que os Estados-membros europeus iriam acolher cinco mil refugiados, em Maio/Junho passaram a 40 mil e agora o número aumentou para 160 mil, de acordo com as declarações do actual presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

"É muito tempo (...). Nem se pegou nos cinco mil iniciais, nos 40 mil parece que agora timidamente discutiram como iriam ser distribuídos, mas sem resultados", referiu, questionando como se chegará "aos 160 mil que são as necessidades".

Teresa Tito Morais lembrou ainda que alguns países europeus, como a Alemanha e a Hungria, já fecharam as suas fronteiras, lamentando tal decisão e considerando que esses estados "só estão a pensar em si próprios".

A mesma responsável acrescentou que não será com a construção de alguns centros de acolhimento, "como se fala em Itália e na Servia", para acolher os refugiados e posterior redistribuição que se resolve o problema.

"Os centros, diz-nos a nossa experiencia, não são elásticos perante a chegada de maior número de pessoas. Vai ser uma concentração de pessoas para uma capacidade limitada. Sobretudo, o que verifico é que há um desnorte dos estados europeus no jogo do empurra e não quererem encontrar uma solução", sublinhou.

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