Apoiantes de candidatura de Maria de Belém aceleram campanha

Sampaio da Nóvoa confirmou ter falado com António Costa sobre corrida a Belém.

Foto
Maria de Belém faz várias recomendações ao Governo Luís Ramos

Os apoiantes da candidatura de Maria de Belém Roseira à Presidência da República aceleraram nos últimos dias a campanha, em resposta ao distanciamento do secretário-geral do PS, António Costa, a um candidato oriundo das fileiras do partido.

Assim se entende o encontro deste sábado, na sua casa em Lisboa, da antiga presidente do PS com quatro dos 100 promotores do apelo à sua corrida a Belém. O urologista Joshua Ruah, o reitor do ISCTE Luís Reto, a farmacêutica Ana Paula Martins e Maria do Céu Santos, ginecologista, divulgaram na noite de sexta-feira esta reunião.

Formalmente, o objectivo não vai além da apresentação oficial da associação de cidadãos que está por detrás da petição, publicitada há precisamente uma semana em órgãos de comunicação social. Ruha, Reto, Paula Martins e Céu Santos são algumas das personalidades que subscreveram aquele documento. A candidatura conta, aliás, com mais de três mil seguidores na página oficial do Facebook. Contudo, o sinal político da reunião está distante de um mero formalismo.

Se é certo que a ex-ministra da Saúde e Igualdade de António Guterres e antiga apoiante de António José Seguro não se pronunciou sobre a sua candidatura, não é menos verdade que o seu nome tem surgido nas sondagens e gerado um movimento de apoio. Só depois das legislativas de 4 de Outubro, Maria de Belém assumirá a corrida. Mas os seus apoiantes estão activos. "Nada me impedirá de pensar para lá das legislativas", afirmou a ex-dirigente socialista na reunião, citada num comunicado do movimento denominado Associação Cívica Portugal Melhor.

Não é de somenos importância o encontro de sábado na ressaca das palavras de António Costa à revista Visão. Sobretudo no apoio implícito que o líder socialista deixou a Sampaio da Nóvoa e a crítica directa aos que apostam por um candidato partidário: “Não revejo Sampaio da Nóvoa na caricatura esquerdista com que tem sido apresentado. E acho incompreensível que numa eleição proposta por cidadãos e que apela aos princípios da cidadania se defenda que só têm direito a candidatar-se os nascidos e criados nas estruturas partidárias”.

O risco, admitido em declarações ao PÚBLICO por Seixas da Costa, da questão presidencial dividir o PS, foi também negado na noite de sexta-feira, em Portimão, por António Costa, quando questionado sobre os efeitos de uma eventual candidatura de Maria de Belém. Uma forma de desvalorizar tal possibilidade.

Expressivas foram, por fim, as palavras de Sampaio da Nóvoa em entrevista ao Expresso deste sábado. “Tenho dificuldades em perceber como é que as pessoas que fracturam tudo, mesmo dentro dos próprios partidos, se podem propor para lideranças agregadoras do conjunto dos portugueses”, disse o antigo reitor. A visada é Maria Belém Roseira.

Sampaio da Nóvoa confirmou, também, ter mantido um encontro com Costa antes de lançar a sua candidatura: “Perguntei sempre, também a António Costa, se achava que a minha candidatura podia ser um factor de perturbação, ou podia ser uma coisa interessante. Não ouvi reticências do ponto de vista político de ninguém. Nem do PS, nem de António Costa.”

Recorde-se que a grande aposta do secretário-geral do PS sempre foi António Guterres, mas perante a recusa do ainda Alto Comissário da ONU para os Refugiados, foram feitos contactos com António Vitorino e Jaime Gama. Ambos declinaram, o que deixou António Costa sem o desejado ticket para as próximas eleições: ele, candidato a primeiro-ministro, e uma figura de proa do PS na corrida à Presidência da República.

Foi neste contexto que a opção Sampaio da Nóvoa começou a afirmar-se, apesar de não ser consensual na família socialista. Prova disso é o movimento de apoio a Maria Belém Roseira.

Sugerir correcção
Ler 12 comentários