Partidos gregos discutem à porta fechada estratégias para aprovar acordo

Jornal Kathimerini diz que votos do Syriza contra acordo podem chegar aos 40. Televisão pública ERT noticiou que Tsipras já discutiu eventual remodelação com dirigentes da maioria.

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Tsipras pode fazer em breve uma remodação do Governo THIERRY CHARLIER/AFP

À porta fechada, os deputados do Syriza estão, esta quarta-feira, a discutir o acordo de princípio obtido entre os credores e o Governo da Grécia, que causa enormes reservas à facção mais radical.

Também o outro partido que integra o Governo, os Gregos Independentes (Anel), onde há igualmente desagrado por um acordo que implica reformas e austeridade adicionais, se reuniu para adoptar a estratégia a seguir nas votações previstas para quarta-feira no Parlamento.

No campo do Syriza, o ministro do Interior, Nikos Voutsis, deu voz aos que confiam numa aprovação pelo Parlamento das medidas reclamadas pelos parceiros europeus. “As decisões que vão facilitar o regresso à normalidade vão ocorrer”, disse, segundo a Reuters, a diversos jornalistas.

Mas contra o acordo estão, por exemplo, figuras como o ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, e a presidente do Parlamento, Zoe Constantopoulou.

“Com este acordo, o mandato público e o orgulhoso ‘Não’ do povo grego no referendo foi cancelado”, disse Lafazanis, citado pela agência. “O Governo e o próprio primeiro-ministro têm, até ao último minuto, oportunidade de mudar de ideias e voltar atrás, antes de o Parlamento decidir”, diz num comunicado divulgado pelo site do seu Ministério.

O número de votos contra no Syriza pode, segundo o jornal Kathimerini, “chegar ou ultrapassar os 40”. O que aconteça na quarta-feira pode precipitar uma remodelação do Governo.

Panos Kammenos, líder do Anel e ministro da Defesa, não se revê no acordo e usou uma expressão também ouvida no Syriza para se referir ao acordo da madrugada de segunda-feira, em Bruxelas: “golpe”.

O político nacionalista manifestou a intenção do partido de votar apenas a favor das medidas que correspondam a propostas apresentadas pelo Governo de Atenas antes das cimeiras europeias do fim-de-semana passado. Mas disse que tenciona continuar a fazer parte do executivo.

Uma porta-voz do partido, Marina Chrysoveloni, disse que o Anel continua a estar com o Governo, mas que há limites para esse apoio e excluiu a sua presença num eventual executivo remodelado em que tenham assento partidos da oposição.

A televisão pública grega ERT noticiou que Tsipras discutiu, esta terça-feira, uma eventual remodelação do Governo com dirigentes da maioria. E o ministro da Economia, George Stathakis,questionado pela Bloomberg TV, disse que serão prováveis mudanças no executivo "logo após a votação".

O primeiro-ministro dá na noite desta terça-feira uma entrevista à televisão.

Para que as propostas sejam aprovadas são necessários 151 votos no Parlamento de 300 deputados. A maioria Syriza-Anel soma 162 mas a elevada probabilidade de dissidências torna preciosos para Tsipras os votos dos partidos de oposição Nova Democracia, conservador, To Potami, centrista, e Pasok, socialista.

As votações previstas para quarta-feira são sobre simplificação e alargamento da base de incidência do IVA, reforma do sistema de pensões, reforço da independência do organismo oficial de estatísticas e introdução de mecanismos de cortes de despesa. O projecto de lei com as primeiras medidas reclamadas pelos parceiros europeus foi esta terça-feira submetido pelo Governo ao Parlamento.

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