O Internet Explorer não está bem morto

O decano dos browsers continuará a fazer parte do Windows para empresas.

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Algumas ferramentas ainda precisam do velho browser da Microsoft Jeff Christensen/Reuters

O Internet Explorer tem sido tão odiado ao longo dos anos, sobretudo por criadores de sites, que não é surpresa que muitos celebrem efusivamente o fim do browser que ainda lidera o mercado. Porém, a notícia da morte do Explorer, que corre pela Internet desde esta terça-feira, é ligeiramente exagerada – e também está longe de ser nova.

Em Janeiro, quando apresentou o Windows 10, a Microsoft já tinha anunciado que estava a desenvolver um novo browser, com o nome de código Spartan. Na altura, a empresa explicou, num dos seus blogues, que pretende manter o Internet Explorer, sobretudo a pensar nas empresas que têm sites e ferramentas desenvolvidos especificamente para este browser. 

“O Spartan é um browser concebido para funcionar bem em toda a família de aparelhos com Windows 10”, escreveu então a Microsoft. “Reconhecemos que algumas empresas têm sites antigos que usam tecnologias mais velhas, desenhados apenas para o Internet Explorer (…) Para estes utilizadores, o Internet Explorer também vai estar disponível no Windows 10”, dizia ainda o texto. Estes sites não são aqueles a que a generalidade dos utilizadores acede, mas sim ferramentas internas.

Já nesta terça-feira, as declarações de um executivo da Microsoft deram azo a mais uma avalanche de textos sobre a morte do Explorer – apesar de o mesmo executivo ter dito também que o browser continuará a existir.

 “Estamos agora a pesquisar o que deve ser a nova marca, ou o novo nome, para o nosso browser no Windows 10”, disse o director executivo de marketing, Chris Capossela, numa conferência que está a decorrer nos EUA. “Continuaremos a ter o Internet Explorer, mas também teremos um novo browser, que tem como nome de código Projecto Spartan. Temos de dar um nome à coisa”, acrescentou.

Segundo aquilo que a Microsoft tem vindo a divulgar, o Internet Explorer passará a ser um browser de nicho, com que a maioria dos consumidores não terá de lidar – o que deverá tranquilizar os muitos que há anos vociferam contra a demora do Explorer em adoptar novas tecnologias para a criação de sites. Na prática, isto tem significado que os criadores têm trabalho extra para fazer com que um site que funciona bem nos outros browsers mais populares, também funcione bem no browser da Microsoft.

O Spartan (o nome, tal como acontece com a assistente pessoal Cortana, é de uma personagem do videojogo Halo, editado pela Microsoft) pretende ser um browser moderno. Incorpora tecnologia nova para a apresentação de páginas (que também estará disponível no próximo Internet Explorer para empresas) e terá novas funcionalidades, algumas das quais já presentes na concorrência. Por exemplo, um modo de leitura, que extrai o texto de um site e o apresenta livre de distracções, e a possibilidade de sublinhar e criar notas directamente nas páginas.

O Explorer ganhou popularidade no final da década de 1990, destronando o Netscape. A vitória foi conseguida sobretudo porque o browser vinha pré-instalado no Windows, que já era o sistema operativo dominante nos computadores pessoais. Depois de anos de hegemonia praticamente intocada, o Firefox (que deriva do Netscape) e, depois, o Chrome (do Google) começaram a ganhar terreno. Hoje, segundo a empresa de análises Net Market Share, as várias versões do Explorer têm 55% do mercado.

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