Costa mantém coordenadores das ideias de Seguro

Grupos de Trabalho do LIPP vão continuar a ser liderados pelos coordenadores indicados pelo anterior líder socialista. Direcção do Gabinete de Estudos que substitui direcção do LIPP terá personalidades dos tempos do antecessor.

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António Costa Daniel Rocha

Formalmente, o Laboratório de Ideias para Portugal (LIPP) do PS foi extinto, com a recuperação do Gabinete de Estudos que o secretário-geral, António Costa, concretizou no início deste ano. No entanto, o líder socialista vai aproveitar parte da estrutura – e algumas das personalidades - criada pelo seu antecessor, António José Seguro.

A nova direcção do PS fez saber, na passada semana, aos coordenadores dos grupos de trabalho que compunham o LIPP que vão manter essas suas competências. A decisão foi confirmada ao PÚBLICO pelo director do renovado Gabinete de Estudos, João Tiago Silveira.

“Os coordenadores foram incentivados a continuar o seu trabalho”, disse o ex-secretário de Estado, depois de questionado sobre a evolução que teve o Gabinete desde que, a 29 de Janeiro, a Comissão Política do PS aprovou, por unanimidade, o regulamento do novo Gabinete de Estudos. Silveira justificou a continuidade com o entendimento existente na actual liderança socialista de que “o LIPP foi e continua a ser uma boa iniciativa”.

Assim, o novo Gabinete herda as 67 estruturas que dividiram o trabalho de recolha de propostas políticas por áreas temáticas. O que muda é a direcção, ou como se apelidava na anterior liderança, o Conselho Coordenador. João Tiago Silveira afirmou que a equipa que vai liderar o Gabinete “já está a trabalhar”, embora tenha evitado revelar a sua composição. O socialista justificou-o com o facto de tal não estar “ainda decidido” e aprovado pelos órgãos internos competentes.

Apenas acrescentou que essa direcção “vai ter várias pessoas” depois de ter sido questionado sobre a inclusão nessa estrutura de dois nomes próximos da liderança  de Seguro. O Diário de Notícias avançou, na semana passada, com o convite a Eurico Brilhante Dias (que fez parte do secretariado do anterior secretário-geral e é o coordenador do grupo de trabalho sobre Diplomacia Económica) e o PÚBLICO soube de contactos feitos com Francisco André, que estava à frente do gabinete socialista de relações internacionais e, informalmente, do grupo de trabalho de Política Externa desde a saída de João Ribeiro.

O recurso a personalidades que tinham colaborado com Seguro aplica-se também ao economista Caldeira Cabral. Foi conselheiro do antecessor de Costa, mas este convidou-o logo em Novembro para discursar no Congresso do PS. Foi um dos economistas que Costa tem consultado nos últimos tempos, nomeadamente, para as propostas em relação ao investimento lançadas pelo secretário-geral e pelo grupo parlamentar na semana passada.

Ao nível dos coordenadores dos grupos de trabalho, a aposta é na continuidade. O mérito no debate e recolha de propostas feito pelo LIPP foi reconhecido logo após a eleição de Costa para líder do PS. Ainda antes da realização do Congresso, em finais de Novembro passado, foram solicitados e entregues à actual liderança todos os “textos e trabalhos dos grupos”, recordou João Tiago Silveira. Essa recolha foi feita por Maria Manuel Leitão Marques, que Costa escolheu para coordenar a sua “Agenda para a década", a base estratégica programática de médio prazo.

Ainda assim, não é de descartar que os grupos de trabalho venham passar por um processo de fusão. Os 67 grupos de trabalho dividem-se pelos mais variados temas e alguns destes repetem competências. A título de exemplo, existe um grupo dedicado à água ao lado de outros cujos temas são mar/oceanos, ou a pesca, ou os portos e aeroportos. 

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