O parlamento grego aprovou a nomeação de Prokopis Pavlopoulos para Presidente da República, cargo cujas funções são sobretudo protocolares. O veterano político conservador, que foi ministro do Interior entre 2004 e 2009 num Governo da Nova Democracia, foi o “candidato do consenso” escolhido pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras, que facilmente viu a sua aposta ratificada com 233 votos a favor, 30 votos contra e 32 abstenções.

Foi o fracasso do anterior Governo em fazer aprovar o seu candidato à Presidência do país que precipitou a dissolução do parlamento e a convocação de eleições na Grécia. Na repetição do processo – o actual chefe de Estado, Karolos Papoulias, de 85 anos, termina o mandato em Março –,Tsipras demonstrou habilidade política, diziam os comentadores: a opção por um conservador não só cumpriu com a tradição de “distribuição” dos cargos em nome da unidade nacional, como garantiu que o novo Governo não enfrentava uma crise política, se não encontrasse os 180 votos necessários para a aprovação parlamentar.

Além de táctica, a escolha de Pavlopoulos, de 64 anos, tem também uma componente simbólica, especialmente importante tendo em conta o actual contexto negocial em que a Grécia está envolvida: o novo Presidente é um europeísta convicto que se tornou bastante crítico da receita de austeridade aplicada ao país. Aliás, publicou recentemente um livro apontando as contradições entre a Constituição grega e o memorando assinado pelo Governo de Atenas com os credores internacionais do país, que, na sua opinião, levou à aprovação de medidas antidemocráticas.

Antes da sua confirmação, Pavlopoulos declarara que, uma vez eleito, faria tudo ao seu alcance para que o país deixasse para trás o “pesadelo da crise”. Como frisou, o seu objectivo é o mesmo do Governo: “Lutar pela Grécia, mas também pela Europa, para que ela recupere os seus princípios e valores”.

Jurista de formação, Prokopis Pavlopoulos é já um veterano da política grega, com uma carreira iniciada ainda na juventude durante a transição democrática e depois associada à “dinastia” da família Karamanlis (foi assessor presidencial de Konstantinos Karamanlis na década de 90 e, depois, porta-voz e ministro do seu sobrinho Kostas). O seu mandato ficou marcado por motins e violentos protestos na sequência da morte de um jovem de 15 anos por um polícia, em 2008.