Boko Haram ataca pela primeira vez no Chade

Cinco mortos na primeira retaliação directa contra o país que lidera a ofensiva regional contra os extremistas nigerianos.

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Guarda fronteiriça patrulha o lago do Chade na mesma zona onde o Boko Haram atacou nesta sexta-feira

Pela primeira vez, combatentes do Boko Haram atacaram em solo do Chade, retaliando contra o país que tomou a dianteira na ofensiva militar contra o grupo extremista. Os atacantes chegaram durante a madrugada a uma aldeia nas margens do Lago Chade que acolheu milhares de refugiados, matando pelo menos cinco pessoas.

Foi a mais recente de várias acções transfronteiriças lançadas nas últimas duas semanas pelo Boko Haram, depois de a União Africana ter autorizado, no final de Janeiro, a criação de uma força regional de 8700 homens para travar o grupo, que controla já uma importante faixa no Nordeste da Nigéria e planeia estender o emirado que auto-proclamou às regiões em redor do Lago Chade. Os pormenores da missão estão ainda a ser ultimados, mas o Presidente chadiano, Idriss Deby, decidiu assumir a iniciativa, mobilizando centenas de soldados para combater os radicais na Nigéria e nos países vizinhos.

No dia 3, o Exército chadiano, um dos mais bem treinados da região, expulsou os radicais da cidade nigeriana de Gamboru, colada à fronteira com os Camarões. Os extremistas vingaram-se no dia seguinte, com uma incursão no país vizinho que provocou perto de uma centena de mortos. O Governo de Yaoundé apressou-se a aprovar a sua participação na missão regional, num passo seguido dias depois pelo Níger. Na retaliação, o Boko Haram lançou quarta-feira vários ataques contra Diffa, cidade separada da Nigéria apenas por um rio, provocando o êxodo de milhares de habitantes e de parte dos 150 mil refugiados nigerianos que ali tinham procurado abrigo.

Na madrugada desta sexta-feira chegou a vez do Chade. Segundo o Exército local, cerca de 30 combatentes chegaram em lanchas motorizadas a Ngouboua, uma aldeia ribeirinha onde tinham encontrado refúgio sete mil nigerianos que fugiram ao massacre em Baga, cidade arrasada pelo Boko Haram no início de Janeiro. Um residente contou à AFP que dois terços das casas da aldeia foram incendiadas e pelo menos cinco pessoas morreram – o chefe da aldeia, um polícia e três civis – antes de o Exército conseguir pô-los em fuga.

O agravamento do conflito no Nordeste da Nigéria levou ao adiamento por seis semanas das eleições presidenciais, que estavam marcadas para este sábado, sem que haja indícios de um abrandamento da violência. Só na quinta-feira, 21 pessoas morreram em dois atentados suicidas em aldeias próximas de Maiduguri, a capital do estado de Borno, epicentro da rebelião do Boko Haram que, só em 2014, foi responsável por mais de 11 mil mortos.  

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