Kiev e pró-russos intensificam combates na véspera da cimeira de Minsk

Rebeldes acusados de lançarem ataque contra quartel-general ucraniano em Kramatorsk e forças do Governo de Kiev tentam contra-atacar mais a sul.

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A queda de rockets em Kramatorsk fez pelo menos seis mortos VOLODYMYR SHUVAYEV/AFP
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Gleb Garanich/Reuters

Um dos palcos dos combates desta terça-feira foi a cidade de Kramatorsk, ocupada pelos rebeldes pró-russos em Abril do ano passado e reconquistada pelo Exército ucraniano em Junho.

Um vídeo partilhado nas redes sociais, gravado pela habitante Julia Dzuba no seu apartamento, mostra uma barragem de rockets a cair na cidade, a maioria na zona do quartel-general das forças ucranianas, mas também em áreas residenciais.

As fotografias das agências de notícias Reuters e AFP mostram pelo menos dois corpos no chão, junto a edifícios de apartamentos, mas as autoridades locais dizem que o ataque matou seis civis e feriu 21 outras pessoas, entre civis e militares.

A notícia do ataque chegou ao Parlamento ucraniano pela voz do Presidente, Petro Poroshenko, que estava por essa altura a dirigir-se aos deputados: "Há 25 minutos, o quartel-general da nossa operação antiterrorismo foi atingido com rockets Tornado. Um segundo ataque atingiu áreas residenciais em Kramatorsk", disse Poroshenko.

Os responsáveis militares ucranianos na região de Donetsk disseram que os rockets foram lançados a partir de Gorlivka, uma cidade controlada pelos rebeldes pró-russos localizada a cerca de 50 quilómetros de Kramatorsk.

Como é habitual acontecer quando são atingidas zonas residenciais, a parte acusada nega ter sido responsável pelos ataques. "Não lançámos quaisquer ataques na direcção de Kramatorsk", disse um dos representantes dos rebeldes pró-russos em Donetsk, citado sob anonimato pela agência russa RIA.

Mais a sul, na costa do mar de Azov e muito perto da fronteira com a Rússia, um dos muitos batalhões de voluntários ao serviço do Exército ucraniano lançou uma ofensiva contra a cidade de Novoazovsk, conquistada em Agosto do ano passado pelos rebeldes pró-russos.

"Tomámos as cidades de Shirokine, Pavlovo e Kominternovo. Estamos a caminho de Novoazovsk", disse à BBC o comandante do Batalhão de Azov – um grupo neonazi que tem sido responsável pela manutenção da importante cidade de Mariupol nas mãos das forças de Kiev.

Em Agosto do ano passado, os rebeldes pró-russos lançaram uma ofensiva contra Mariupol, mas acabaram por não conseguir o seu objectivo – a conquista desta cidade na costa do mar de Azov tornaria mais fácil uma eventual ligação por terra entre a Rússia e a península da Crimeia, anexada por Moscovo em Março do ano passado. Já em Janeiro deste ano uma nova tentativa fez dezenas de mortos entre a população civil.

As movimentações desta terça-feira das forças de Kiev e dos rebeldes pró-russos resultam em parte da natureza do próprio conflito no terreno, mas indicam também que ambas as partes querem assegurar o controlo da maior área possível na véspera da cimeira de Minsk, que contará com a presença da chanceler alemã e dos presidentes de França, Rússia e Ucrânia – será difícil que a reunião de quarta-feira produza um acordo que não passe pela aceitação das linhas demarcadas até ao momento.

Também nesta quarta-feira, mais de dois mil soldados russos receberam ordens para realizarem exercícios militares na península da Crimeia e no Sul da Rússia, junto à fronteira com a Ucrânia.

A agência russa Interfax avança que cerca de dois mil soldados estão em exercícios nas várias bases espalhadas pelo Distrito Militar do Sul da Rússia, que inclui bases ao longo da fronteira com a Ucrânia – desde Millerovo, na província de Rostov, até Krimsk, junto à península da Crimeia, anexada pela Rússia em Março do ano passado. Segundo a agência noticiosa, os exercícios vão durar cerca de um mês. Outros 600 soldados militares da Frota do Mar Negro começaram a fazer exercícios na Crimeia, avança a agência russa RIA.

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