EUA dizem que Irão bombardeou Estado Islâmico no Iraque

Irão não confirma, mas EUA garantem envolvimento iraniano na luta contra o EI.

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Kirby disse que nada mudou mudou no relacionamento com o Irão AFP
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Além de aviões americanos (na foto), também os iranianos estão a combater o Estado Islâmico no Iraque AFP

Aviões de caça iranianos lançaram nos últimos dias ataques contra o autoproclamado Estado Islâmico (EI), na zona oriental do Iraque – informou o Departamento de Defesa dos EUA. O Irão, no entanto, não confirmou os bombardeamentos.

É a primeira vez que a administração norte-americana confirma ataques de caças iranianos contra o grupo jihadista.

“Temos indicações de que fizeram raides aéreos com aviões F-4 Phantom nos últimos dias”, disse o porta-voz do Pentágono, contra-almirante John Kirby.

Os ataques terão ocorrido na província de Diyala, que faz fronteira com o Irão.

A porta-voz da diplomacia iraniana, Marzieh Afkham, disse que “não houve mudanças na política do Irão de fornecer apoio e aconselhamento aos responsáveis iraquianos na luta contra o Daech [designação árabe para o EI], afirmou, citada pela AFP. “Não confirmo essas informações sobre uma cooperação militar [com o Iraque]. Fornecemos apoio militar e aconselhamento, no quadro das regras internacionais”, acrescentou, quando foi questionada sobre as notícias dos bombardeamentos.

As anunciadas acções iranianas não foram coordenadas com os EUA, mas confirmarão o crescente envolvimento do Irão na luta contra o EI e a convergência de interesses contra um inimigo comum. “Nada mudou no que diz respeito à nossa política, segundo a qual não coordenamos as nossas actividades com os iranianos”, disse Kirby, na conferência de imprensa que anunciou os ataques.

O vice-chefe de Estado Maior das Forças Armadas iranianas, brigadeiro-general Massoud Jazayeri, citado pela BBC, tinha já negado a existência de cooperação.

Os aparelhos usados nos ataques seriam aviões de combate antigos, de fabrico norte-americano, de um modelo usado pelos Estados Unidos na guerra do Vietname, há mais de 40 anos.

Os EUA actuam diariamente nos céus dos Iraque, com o apoio de países aliados que integram a coligação internacional que formou, caso de França, Austrália e Canadá. Os ataques norte-americanos contra o EI começaram em Agosto no Iraque e em Setembro na Síria.

O porta-voz do Pentágono afirmou que cabe ao Governo do Iraque coordenar os ataques e não aos EUA. “Fazemos missões aéreas sobre o Iraque em concertação com o Governo iraquiano. Cabe ao Governo iraquiano gerir o espaço aéreo.”

Ainda que a luta contra o EI tenha já sido abordada entre os dois países, designadamente à margem das negociações sobre o programa nuclear iraniano, o governo de Washington tem sublinhado repetidamente que não colaboram militarmente. Os EUA e o Irão cortaram relações diplomáticas depois de, em 1980, na sequência da revolução iraniana de 1979, a embaixada em Teerão ter sido ocupada. Foram sequestrados 52 norte-americanos.

A AFP lembra que as Forças Armadas do Irão estão igualmente activas no solo, apoiando milícias xiitas e unidades do Exército do Iraque, na sua luta contra o EI. Algumas tropas iraquianas estarão também equipadas com armamento iraniano.

Analistas militares disseram no início deste ano que o Irão pôs à disposição do Iraque aviões de combate Soukhoï Su-25, para apoiar o Governo de Bagdad na luta contra os jihadistas. Circula o rumor de que seriam pilotados por iranianos.

O Irão e o Iraque, dirigido pelo sunita Saddam Hussein, mantiveram entre 1980 e 1988 uma guerra que fez centenas de milhares de mortos. Actualmente, os governos xiitas de ambos os países mantêm relações próximas.

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