Centros de saúde, hospitais e associações aderem à Semana Europeia do Teste VIH

Acção é promovida em Portugal pelo GAT Grupo Português de Activistas sobre Tratamento de VIH/SIDA que nota que 30 a 50% das pessoas que vivem na Europa não sabem que são VIH positivo.

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Portugal está no grupo de países da Europa com a estimativa mais elevada de novas infecções em 2015 DR

Centros de Saúde, hospitais e associações de todo o país aderiram à Semana Europeia do Teste ao VIH e vão promover, a partir de sexta-feira, a realização do exame e distribuir preservativos e informação sobre a doença. Em Portugal, a iniciativa, que decorre entre os dias 21 e 28 de Novembro, é promovida pelo GAT - Grupo Português de Activistas sobre Tratamento de VIH/SIDA, que pretende alertar para a importância do diagnóstico precoce da infecção pelo VIH e incentivar os portugueses a realizarem o teste.

Dados da organização da iniciativa referem que 30 a 50% das pessoas que vivem na Europa não sabem que são VIH positivo e metade destas pessoas são diagnosticadas tardiamente, adiando o acesso ao tratamento. "Tendo em conta que em Portugal e noutros países as pessoas chegam demasiado tarde ao tratamento, houve esta necessidade de criar uma semana europeia do teste VIH para que as pessoas percebam não só a importância de fazer o teste, mas também desmistificar um bocadinho as questões à volta do teste", disse hoje à agência Lusa o director-executivo do GAT, Ricardo Fernandes.

O objectivo é que "todas as pessoas, independentemente do tipo de comportamento que têm, de risco ou não, possam fazer o teste". "Muitas das pessoas não sabem que se o diagnóstico for precoce, os tratamentos disponíveis permitem que a pessoa tenha uma vida muito longa e com bastante qualidade", elucidou Ricardo Fernandes.

Os dados da organização estimam que em Portugal existam entre 38 mil e 62 mil pessoas infectadas, o que faz com que o país tenha uma das prevalências mais altas de toda a Europa (entre os 0,7 e o 0,9 %). Os utilizadores de drogas injectáveis são o grupo mais afectado, com uma taxa da infecção pelo VIH de cerca de 9,2%, devendo-se em parte "ao declínio na distribuição de agulhas esterilizadas e à hepatite C".

Ricardo Fernandes salientou o papel das equipas de rua durante o período em que as farmácias deixaram de distribuir seringas: "foram as grandes responsáveis por manter um número de distribuição de material de injecção substancial". Existem outras comunidades muito vulneráveis ao VIH, como os homens que têm relação com homens, os migrantes e os trabalhadores do sexo.

O GAT nota ainda que a prevalência do VIH entre os trabalhadores do sexo é estimada em 9%, fazendo de Portugal um dos cinco países da União Europeia com uma das taxas mais altas de infecção entre este grupo. Para promover a realização do teste "anónimo, gratuito e confidencial", a acção conta com a parceria de 30 instituições. "Vamos ter uma panóplia de sítios onde as pessoas vão poder fazer os testes, recolher informação e obter os resultados na altura", salientou Ricardo Fernandes.

Os profissionais de saúde devem aconselhar o teste a todas as pessoas que possam ter sido expostas ao VIH, que tenham sido diagnosticadas com outras doenças sexualmente transmissíveis, com hepatite C, tuberculose e que apresentem sinais ou sintomas da infecção por VIH

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