Casamento gay não é legal mas Roma registou 16 uniões

O acto do presidente da câmara foi descrito como uma provocação pela direita e pela Igreja, mas aplaudido por sectores do seu Partido Democrático.

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Tommaso Giartosio e Gianfranco Goretti, com os dois filhos do casal (Lia e Andrea); ao centro, Marino, que pousou com todos os casais Fillipo Monteforte/AFP

Já outros presidentes de câmara em Itália o tinham feito, mas nenhum com a visibilidade do de Roma, Ignazio Marino, que este fim-de-semana registou 16 casamentos entre pessoas do mesmo sexo realizados no estrangeiro, nos Estados Unidos, Espanha ou Portugal. O casamento gay é ilegal em Itália, mas este reconhecimento pode ajudar um parceiro com questões de herança e ter efeitos nos benefícios de saúde, seguros ou pensões.

“Hoje, é um dia esplêndido”, afirmou Marino nos paços do concelho, onde registou os casamentos de dez casais masculinos e cinco femininos. À chegada, foi recebido com um estrondoso aplauso pelos casais e pelos familiares que quiseram assistir ao registo. Muitos levaram os filhos, alguns ainda bebés de colo. Como habitualmente nos casamentos, houve beijos, muitos sorrisos e muitas fotografias.

“É importante – um reconhecimento limitado, mas é alguma coisa”, disse à Associated Press Fabrizio Maffeo, de 35 anos, que registou em Roma o casamento com Jonathon Dominic Spada, de 26 anos, celebrado em Boston no ano passado. O próximo passo, diz o romano especialista em informática, é o país mudar as suas leis e permitir o casamento gay e a adopção de casais homossexuais.

O acto de Marino foi descrito como uma provocação pela direita (o ministro do Interior, Angelino Alfano, do partido Novo Centro-Direita, diz que ele se limitou a “assinar autógrafos” sem valor) e pela Igreja, que o considerou “inaceitável neste momento”, numa alusão ao Sínodo da Família que discutiu o acolhimento dos homossexuais na Igreja. Mas a cerimónia foi aplaudida por sectores do seu Partido Democrático (centro-esquerda, no poder, com o primeiro-ministro Matteo Renzi, mas em coligação com a direita), onde muitos concordam com Maffeo.

Qualquer mudança ainda deverá demorar. Segundo uma sondagem do ano passado realizada pelo instituto Datamonitor, 54,1% dos italianos apoia o casamento entre homossexuais (um número a subir, ainda que devagar – um ano antes eram 53,4% os que davam a mesma resposta), mas a grande maioria (77,1%) opõe-se à adopção por parte destes casais.

Outro inquérito, citado pela Reuters, diz que 85% estão a favor das uniões civis, que permitem que os parceiros do mesmo sexo beneficiem de uma série de direitos (dependem de país para país, nuns são mínimos, noutros são os mesmos dos casamentos civis heterossexuais, nalguns a excepção é a adopção).

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