O grande queijo de Costa que soube sempre a vitória

Sob a forma de um queijo, a margem de avanço do autarca era indesmentível. Dois terços a vermelho contra a pequena fatia a azul de Seguro.

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Enric Vives-Rubio

Desde o início da noite que a vitória era uma inevitabilidade. Cada pormenor no Fórum Lisboa denunciava a confiança das hostes de António Costa nestas primárias. Ainda não eram 20h e já a directora da campanha, Ana Catarina Mendes, saudava a “fortíssima afluência às urnas”.

Por detrás de Catarina Mendes estava a imagem perfeita da confiança costista. Num placard, estavam a ser projectados os dados sobre a votação que os delegados de Costa iam compilando em cada distrito. Sob a forma de um queijo, a margem de avanço do autarca era indesmentível. Dois terços a vermelho contra a pequena fatia a azul de Seguro.

Nada preocupava a candidatura, nem resultados ainda apurados, nem taxa de participação assumida. “A única ideia que temos é que lhes estamos a dar uma tareia”, ironizava um elemento da direcção da campanha.

Ali, nas instalações da assembleia municipal a fatia que coube a Seguro foi sempre pequena. O único verdadeiro momento em que Seguro gerou o que quer que fosse, foi quando as legendas das televisões anunciaram “Seguro demite-se”. Foi uma explosão de alegria na sala como se tivesse acabado de entrar um golo da selecção nacional. “PS!”, “Vitória!”, “É Costa, é Costa, é quem o povo gosta!”, gritava-se na Avenida de Roma.  

A confiança deu também em bar aberto. Aperitivos gourmet, cortesia do Museu da Cerveja e do Museu do Pão. Francisco Garcia, um dos responsáveis pela empresa confirmou ao PÚBLICO que fornecera, por sua iniciativa, tortilhas, vinho, churros, croquetes, pastéis de nata, arroz-doce e a “iguaria de que o nosso futuro primeiro-ministro tanto gosta, os pastéis de bacalhau com queijo da serra".

A confiança deu ainda para o momento teatral da noite, com Costa a atirar um cravo para uma plateia em efusão.

“Este cravo é vosso”, gritou perante a ovação dos presentes.

A antecipação da vitória fez surgir personagens socialistas há muito afastadas da ribalta, como o alentejano António Saleiro.

Um dirigente, feliz, pouco se importava. “Hoje hão-de estar aqui ex-reclusos [que Saleiro nunca foi], hão-de estar aqui ex-tudo do PS.”

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