EUA atacam líder dos islamistas somalis das Al-Shabab

Nem EUA nem os jihadistas confirmam ou desmentem a morte de Ahmed Abdi Godane, mas norte-americanos falam numa “alta probabilidade” de Godane ter sido atingido.

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Carro em que seguiriam líderes das Al-Shabab destruído por míssil norte-americano AFP

Uma série de mísseis e munições guiadas por laser atingiram um acampamento onde estavam reunidos líderes das milícias somalis Al-Shabab, ligadas à rede terrorista Al-Qaeda, e um carro onde seguiriam outros responsáveis.

Os EUA dizem que o alvo do ataque na zona centro-sul da Somália era o líder dos jihadistas somalis, Ahmed Abdi Godane, e que acreditam tê-lo atingido. Mas oficialmente, não confirmam nem desmentem a morte.

“A última coisa que queremos é que daqui a uns tempos o tipo apareça no Twitter a gabar-se de ter sobrevivido ao ataque”, comentava uma fonte dos EUA ao New York Times. Como o ataque foi levado a cabo numa área que está sob controlo da milícia – as Al-Shabab têm vindo a perder terreno mas ainda controlam partes significativas de território somali – não é claro como e quanto tempo irão demorar os EUA a confirmar esta morte.

Godane, que teria quase 40 anos, assumiu a liderança das milícias somalis em 2008, defendendo uma aproximação à jihad (guerra santa) global e à Al-Qaeda, mais do que ao nacionalismo somali. Sob seu comando, as Al-Shabab levaram realizaram ataques no Quénia, um dos quais no ano passado, a um centro comercial em Nairóbi. O ataque durou três dias, com centenas de reféns, levando a intervenção militar das forças do Quénia e acabando com pelo menos 67 mortos.

Depois desta acção, uma equipa de forças especiais dos EUA (SEAL) fez um raide num bastião das milícias, mas após fortes combates com membros das Al-Shabab retirou, sem conseguir capturar um dos líderes dos jihadistas que era o seu alvo.

Os EUA dizem que não houve forças militares no terreno desta vez, apenas ataques aéreos; locais dizem que após o ataque forças norte-americanas estiveram a recolher corpos.

O grupo Al-Shabab chegou a controlar Mogadíscio e a zona Sul da Somália de 2006 a 2011, mas uma força da União Africana acabou por os repelir da capital. Desde então têm perdido território e recorrido mais a atentados suicidas e ataques de guerrilha.

Uma ofensiva recente retomou o controlo de quatro cidades ainda em poder dos islamistas. Mas o que tem acontecido com outro território retomado pelas forças da União Africana é que o controlo é prontamente tomado por senhores da guerra, com o governo apoiado pelo Ocidente restrito a Mogadíscio e pouco mais.

Se Godane estiver mesmo morto, os EUA acreditam que será um duro golpe para as Al-Shabab, e que poderá mesmo provocar uma discussão dentro do movimento sobre a linha a seguir. Na lista dos dez terroristas mais procurados por Washington, Godane tinha uma recompensa de sete milhões de dólares (5,33 milhões de euros) pela sua captura ou morte.

Analistas não esperam, no entanto, um desvio significativo da globalização da luta. “Os EUA têm estado tão focados na Somália que não estão a ver o resto. A ameaça real não é a Somália, é a regionalização da Al-Qeda na África Oriental, que já está a acontecer”, disse ao New York Times a analista Bronwyn Bruton, especialista em África do centro de estudos Atlantic Council (de Washington).

Bruton deu como exemplo os ataques no Quénia e também no Uganda. Ambos os países com economias em crescimento e onde vivem muitos ocidentais, apontou. Muito diferentes do estado há décadas falhado da Somália.
 

   

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