Cerca de 40 mil clientes usaram metro de madrugada nos fins-de-semana

Validações de quatro fins-de-semana do Move Porto representam receita de 28 mil euros. Câmara do Porto, que propôs o serviço, destaca vantagens sociais da medida.

Foto
Serviço nocturno gera receita de 28 mil euros, segundo dados recolhidos pela Câmara do Porto Paulo Pimenta

Admitia-se que pudesse dar algum prejuízo a circulação em contínuo, nas madrugadas de fim-de-semana e vésperas de feriados, do Metro do Porto. Mas segundo os dados recolhidos pela Câmara do Porto junto da Metro, em quatro fins-de-semana, o projecto piloto Move Porto, que envolve também a STCP, gerou 40 mil validações adicionais e uma receita de 28 mil euros para um custo estimado em 20 mil.

Em declarações ao PÚBLICO, Rui Moreira mostrou-se muito satisfeito com o número de clientes, essencialmente frequentadores da movida portuense, que tem utilizado o serviço, desvalorizando um pouco a questão da receita. O autarca lembra que estas ligações que a metro está a fazer de madrugada utilizam uma bolsa de quilómetros já contratada na subconcessão, não representando por isso, nesta fase, um sobrecusto para o Estado.

Mas o presidente da Câmara do Porto faz questão de frisar que a medida teria sempre de ser considerada positiva, ainda que dela resultasse um lucro zero ou até um pequeno prejuízo. O autarca, que defendera a proposta durante a campanha eleitoral e a negociou com o Estado a Metro e a STCP, vinca que têm de ser “contabilizados” os ganhos sociais desta iniciativa. Que ao pôr 40 mil pessoas a usar o metro de madrugada, retira uma quantidade considerável de automóveis das ruas do Porto – onde têm sido notórios, e graves, os problemas com o estacionamento desregrado – e minimiza os riscos de condução sob o efeito do álcool e, consequentemente, de acidentes.

Apresentado no início de Julho pela autarquia, Metro, STCP e Secretaria de Estado dos Transportes, este projecto vai estar em fase experimental até Outubro. Na sua fase final vai ser possível perceber se, mesmo fora do período de Verão, o interesse dos utilizadores é suficiente para garantir um mínimo de sustentabilidade na exploração deste serviço 24 horas por dia, dois dias por semana. Em todo o caso, a autarquia recorda que até tem chovido nos últimos fins-de-semana, o que, dizem as estatísticas, normalmente desincentiva a utilização do metro por parte da população. Até ao fim da experiência, o município espera que se criem hábitos entre os frequentadores dos bares e discotecas que mudaram a face na Baixa na última década.

O serviço Move Porto implica o funcionamento contínuo, com frequências de 20 minutos, das linhas Amarela, entre o Hospital de S. João e Santo Ovídio, e da Azul, entre o Estádio do Dragão e a Senhora da Hora nas noites de sexta e sábado. O Porto é a primeira do país a oferecer um serviço de metro nocturno ininterrupto, à semelhança de outras cidades europeias palco de grande movida nocturna - como Berlim e Barcelona. Caso se confirme a adesão dos utentes poderá ser equacionada a extensão deste serviço aos restantes municípios servidos pela rede de metropolitano, embora nesse caso o número de quilómetros a percorrer possa representar um sobrecusto maior.  Na fase piloto, a empresa está a operar na zona mais rentável da rede.

Este projecto implicou também ajustamentos na Rede Madrugada STCP, garantindo transporte em áreas não servidas pelo metro. Além disso, a Metro do Porto passou a abrir o parque de estacionamento no Estádio do Dragão, oferecendo 850 lugares a um custo de 95 cêntimos por períodos de 12 horas, para quem use o Andante para seguir de metropolitano rumo ao destino. Nas zonas em que funciona o serviço Move-Porto é possível circular em transporte público com um título Z2, que custa 1,20 euros para clientes ocasionais.

Sugerir correcção
Comentar