Vinte anos. Duas décadas bem preenchidas. 2014 é ano de celebração para os lados da Rua da Barroca, no Bairro Alto, em Lisboa. Mais precisamente no edifício que alberga a Zé dos Bois, a associação, galeria, sala de concertos, terraço com cinema no Verão ou albergue de residências artísticas que se tornou, nesta vintena de vida, um dos espaços mais relevantes da criatividade lisboeta, qual laboratório em laboração constante.

Os festejos oficiais têm a primeira grande data marcada: Ty Segall, o músico de São Francisco, guitarrista incansável que, disco após disco (ele edita muitos e o próximo, Manipulator, chega a 25 de Agosto), extrai do rock’n’roll a vitalidade que lhe assegura intemporalidade e a urgência que nos assegura que o presente é aqui e agora (em São Francisco e além dela).

Ty Segall actua a 25 de Outubro no Lux Frágil, em Santa Apolónia, e a data marca o início de uma colaboração da associação com vários espaços, cujos contornos serão revelados brevemente – recorde-se que, nos últimos anos, já assistimos a concertos co-organizados entre a ZDB e o Teatro Maria Matos, por exemplo. Os bilhetes estarão à venda durante esta semana (15€).

Este será o terceiro concerto em Portugal, o primeiro em Lisboa, de Ty Segall. No passado, vimo-lo tomar conta do palco do Barreiro Rocks. Há alguns meses, vimo-lo no NOS Primavera Sound, no Porto, numa actuação feroz, canção após canção enquanto electricidade com rédea solta: os Black Sabbath e Marc Bolan absorvidos e transformados, o colorido psicadélico distorcido por um coração devoto do punk. Com Twins, álbum de 2012, Ty Segall foi catapultado a figura de destaque numa cena de São Francisco onde encontramos bandas determinantes para o estado actual do rock’n’roll como os Thee Oh Sees ou os White Fence.

Antes da chegada de Ty Segall, Setembro será mês para concertos de Rashad Becker, reputado engenheiro de som no berlinense Dubplates & Mastering Studio que, depois de anos a aplicar os seus ouvidos no aperfeiçoamento da forma como seria ouvida a música de outrem, se revelou em nome próprio com as paisagens sonoras abstractas de Traditional Music of Notional Species, Vol. 1. O concerto está marcado para 18 de Setembro (22h, 8€) e Becker será antecedido por Ondness, ou seja, pela música de Bruno Silva.

Dois dias depois, teremos oportunidade de constatar que a Sacred Bones de Crystal Stilts, Psychic Ills ou The Men é mais que epicentro de uma explosão rock para colocar ao lado da São Francisco de Ty Segall como pólo determinante. Com os Lust For Youth do sueco Harry Norrvide, o synth-pop é a força motriz. A banda terá a acompanhá-la em cartaz os Bispo, banda formada por membros dos Capitão Fausto que ocupa o tempo a procurar (e a descobrir) paisagens tropicais nos locais mais insuspeitos (pós-rock?, space-rock?, kraut-rock?). Os bilhetes custam 8€ e o início dos concertos está marcado para as 22h.