Catarina Martins diz que Ana Drago prefere governar a discutir um programa de esquerda

Coordenadora do partido falou publicamente sobre a crise interna. Rejeita "arranjos entre partidos" e critica a dispersão da esquerda.

Foto
Foi a primeira vez desde sábado que Catarina Martins falou publicamente da crise interna do Bloco Nuno Ferreira Santos

A líder do BE, Catarina Martins, falou esta terça-feira sobre a crise instalada desde sábado no partido para acusar a agora ex-bloquista Ana Drago de ter passado a privilegiar soluções de governação em vez da discussão de um programa de esquerda que rompa com a austeridade. "Há seis meses mudou de opinião", disse Catarina Martins à saída da embaixada da Palestina, em Lisboa.

"Nos últimos seis meses, a Ana Drago tem tido uma posição diferente e considera que mais importante do que debater este programa de esquerda, do que continuar a juntar forças para este programa de esquerda, é preciso pensar em soluções de governação, ainda que este programa deixe de ser o centro dessa aliança de esquerda", afirmou a líder bloquista. Uns minutos depois seria ainda mais concreta, ao defender que há quem prefira "possibilidades governativas com o PS, que desistem desse programa comum que foi construído ao longo destes anos".

"Há seis meses mudou de opinião", reforçou, referindo-se implicitamente à demissão de Ana Drago da comissão política do partido, em Janeiro deste ano. "As pessoas têm direito a mudar de opinião, portanto essa mudança de opinião faz com que não seja surpreendente a sua saída neste momento", acrescentou.

Catarina Martins analisou depois que no último meio ano têm surgido várias forças à esquerda que só têm contribuído para dispersar e não para unir. Sem se referir ao partido Livre, cujo principal rosto é o de Rui Tavares, ex-eurodeputado eleito pelas listas do Bloco, ou ao Manifesto 3D, no qual participou Daniel Oliveira, Catarina Martins afirmou que "estes movimentos de cisão não têm sido capazes de criar nenhuma verdadeira unidade, ou seja, são apenas dispersão".

Prometendo que o Bloco vai continuar a trabalhar para "uma alternativa concreta", considerou que os eleitores estão "pouco interessados sobre os arranjos entre os partidos" e que "as convergências que podem mudar alguma coisa na vida das pessoas são as convergências em torno de um programa de esquerda". Um caminho difícil, disse, mas para o qual o Bloco está disponível. Com três pontos assentes: reestruturação da dívida, rejeição do Tratado Orçamental e recuperação do Estado Social, salários e pensões.

"O papel do BE não é apoiar governos que mantêm uma política de austeridade", concluiu a líder do Bloco.


 

 

Sugerir correcção
Comentar