Porto/Post/Doc, ou os cinemas do real viajam para o Porto

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"Costa da Morte", o filme-ensaio do galego Lois Patiño, passa a 15 de Junho no Passos Manuel, incluído no programa Há Filmes na Baixa - o festival chega depois, a partir de 4 de Dezembro

“Durante dez dias queremos guiar as pessoas por aquilo que de mais fracturante, interessante e novo há para mostrar. E estamos no momento certo: no momento em que os festivais de ficção e os festivais de documentário se interrogam até onde podem e devem ir.” É este o mote de Dario Oliveira, co-fundador e co-director do Curtas Vila do Conde, para a primeira edição do Porto/Post/Doc, um novo festival de cinema que não é só um festival de cinema. Porque, antes da estreia de 4 a 13 de Dezembro próximos, o Porto/Post/Doc vai gerir semanalmente uma noite de filmes no cinema Passos Manuel, e, no futuro, quer também apostar na produção regular de filmes que desvendem as “muitas histórias para contar” que existem na região do Grande Porto.

O “alvo” da aposta de Oliveira, agora “a solo” como rosto público do Porto/Post/Doc, é o cinema documental. Ou, com mais propriedade, o “cinema do real”, “área de fronteira entre o documentário e a ficção”, nas suas palavras “o cinema mais criativo, mais inovador e mais apaixonante que aparece no circuito de distribuição alternativa mundial”.

O novo festival quer mostrar uma personalidade própria, mas sem excluir forçosamente títulos importantes que já tenham passado pelos “colegas” lisboetas IndieLisboa e DocLisboa. Trata-se antes de procurar uma complementaridade que leve também em conta a existência no Porto de um público “ávido” de um cinema que dificilmente chega ao circuito comercial tradicional fora da capital. Mas “um festival tem de fazer muito mais do que passar filmes, tem de ser um encontro, tem de ter uma perspectiva crítica”, diz o director do Porto/Post/Doc. A ideia é também investir na renovação gradual do tecido cultural do centro da cidade, no seguimento da nova dinâmica criada pela eleição de Rui Moreira para a Câmara Municipal do Porto. Primeiro, através de uma programação regular, Há Filmes na Baixa, a decorrer na sala do Passos Manuel (a partir de Setembro, em alternância com o pequeno auditório do Rivoli). O Há Filmes na Baixa começa já no dia 30 deste mês com a exibição de A Mãe e o Mar, de Gonçalo Tocha, em simultâneo com a estreia comercial em Lisboa (repete a 8 e 9 de Junho); seguir-se-ão, a 15, o filme-ensaio do galego Lois Patiño, Costa da Morte, a 22 a ficção do chileno Alejandro Fernández Almendras Matar a un Hombre (vencedora do IndieLisboa 2014), e a 29, em simultâneo com Lisboa, o aclamado E Agora? Lembra-me, de Joaquim Pinto. Depois, no futuro, através da aposta na produção, usando as lições aprendidas no projecto Estaleiro, do Curtas Vila do Conde.

Para já, o “centro nevrálgico” fica no site oficial www.portopostdoc.pt, que serve também como ponto de contacto da associação cultural que o organiza, e que está aberta a todos aqueles que estiverem interessados em dela fazer parte.

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