O 17 de Maio foi uma farsa. E o 16 de Junho?

O Governo ainda vai ter de negociar com o FMI alternativas aos chumbos do Constitucional.

O 17 de Maio era a data em que se completavam precisamente três anos da assinatura do memorando da troika. Apesar de o FMI ter dito que precisava de mais tempo para concluir a 12.ª avaliação, e em vésperas de europeias, a troika e o Governo convencionaram dizer que o 17 de Maio seria a data do fim do resgate. E, sem muito alarido, deu-se ao FMI mais um mês, até 16 de Junho, para completar aquilo que o Governo disse ser uma formalidade técnica. Abriram-se garrafas de champanhe, fizeram-se discursos, parou-se a contagem do relógio do CDS e até se fez um conselho de ministros para mostrar ao mundo que já estávamos livres da troika. Com o chumbo do Tribunal Constitucional (TC) a três normas do Orçamento, nomeadamente o veto aos cortes salariais na função pública, o Governo vê-se agora obrigado a encontrar medidas alternativas para não deixar derrapar o défice.

Ontem o porta-voz do PSD veio criticar o timing da decisão do TC, notando que, “se esta decisão ocorresse a partir do dia 16 de Junho, isto é, daqui a pouco mais de 15 dias, seria um momento a partir do qual” o país já não estaria dependente dos “credores internacionais, uma vez que o FMI no dia 16 daria por encerrado o programa de assistência financeira”. Mas, para Marco António Costa, o facto de o anúncio ter ocorrido agora “é como que um arrastar do país para, novamente, ter de dialogar com os credores, ter de dialogar com a troika relativamente a esta situação”.

Ou seja, com estas declarações ficámos a saber que afinal a troika não se foi embora. Está cá, não se vai limitar a tratar de questões técnicas e não se irá embora enquanto o Governo não apresentar um plano B para compensar os chumbos. E não vale a pena criticar o timing do TC, mas sim o timing daqueles que começaram a deitar foguetes antes da festa.
 

  



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