A investigação ao acidente que vitimou 301 trabalhadores de uma mina de carvão em Soma, uma localidade na região ocidental da Turquia, já produziu resultados: 19 pessoas foram detidas para interrogatório, incluindo o administrador da empresa, o director de operações e o engenheiro-chefe daquela unidade de produção, avançam a Reuters e o jornal turco Hurryiet.

A informação foi confirmada pelo governador da província de Manisa, Abdurrahman Savas. “Até ao momento foram detidas 19 pessoas como suspeitas. O interrogatório de cinco desses suspeitos ainda não terminou”, disse a meio da tarde de domingo. O governador referiu-se à possibilidade de virem a ser avançadas acusações por negligência e por “múltiplas mortes”.

Segundo a Reuters, todos os detidos são executivos e funcionários da empresa proprietária da mina. De acordo com a CNN Turquia, 28 procuradores foram destacados para a investigação ao caso. O deputado do Partido Republicano Popular, Özgür Özel, informou que pelo menos cinco dos suspeitos foram remetidos para tribunal depois de serem interrogados.

Além do inquérito judicial ao acidente da passada semana, o administrador da Soma Coal Mine Company, Alp Gürkan, terá de responder em tribunal no âmbito de um outro processo por suspeitas de fraude. A acusação, preparada pelo Ministério Público de Istambul, alega que Gürkan é um dos membros de uma organização criminosa liderada pelo empresário Korkmaz Yigit, e está envolvido num esquema de falências fraudulentas.

A entrada da mina de carvão de Soma foi tapada por uma parede de tijolos: as operações de resgate foram oficialmente dadas por terminadas, depois de terem sido retirados os cadáveres de 301 mineiros, que terão morrido por envenenamento por monóxido de carbono na sequência de um incêndio no interior da mina cujas causas ainda estão por determinar. O fogo foi provocado por uma explosão, que encheu os túneis e canais de ventilação da mina de fumos tóxicos e provocou o colapso de algumas das estruturas de suporte.

A Soma Holdings insiste que o acidente não foi fruto de negligência ou do incumprimento das normas de segurança, mas antes de uma “inexplicável acumulação de calor”.

A notícia das detenções foi saudada na localidade de Soma, onde se mantém um forte contingente policial depois de se terem verificado desacatos e protestos durante as visitas do Presidente da Turquia, Abdullah Gül, e principalmente do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, que foi acusado de “assassino” pela população. As autoridades proibiram a realização de manifestações e, no sábado, prenderam pelo menos 12 indivíduos por protestos.

Neste domingo realizaram-se os últimos funerais das vítimas da tragédia, que foi o pior acidente industrial da história da Turquia.