A entrevista de Obama

Aprende-se muito (e ri-se um bocadinho) a ver Obama a ser entrevistado por Zach Galifianakis no talkshow dele, Between Two Ferns, no www.funnyordie.com.

A inteligência e o sentido de humor de Obama têm-lhe trazido muitos problemas. Pessoas mais estúpidas criticam-no por ser frio e cerebral. Distante e cínico. Relativista e irónico. Até há quem o acuse de indiferença.

Não há críticos mais ferozes do que os ex-apologistas que se consideram enganados não por aquilo que Obama prometeu e não cumpriu, mas por aquilo que sonharam que Obama poderia fazer e ele, inexplicavelmente, não fez.

Obama nem sequer expôs os limites dos poderes presidenciais: eles já eram mais do que conhecidos. Se ele errou, foi por ter sido optimista de mais. O realista-mor, a quem acusam de ter o coração de pedra e cheio de factos, pecou por falta de realismo.

Ao contrário do que pretendem os adversários armados em críticos benevolentes, Obama lixou-se por ter sido um idealista. Idealizou a inteligência, o bom senso e o espírito comunitário dos políticos americanos. É o erro de quase todos os presidentes americanos: Johnson, Nixon e Clinton foram os últimos grandes presidentes que não cederam à tentação.

As outras entrevistas de Zach Galifianakis não têm um décimo da graça. Obama tem uma equipa de escritores muito melhor do que Galifianakis.

Mesmo assim saiu-se bem perante Obama. Foi gloriosamente malcriado e intolerante. Dão um bom dueto e só duram seis minutos.

 

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