Navalni, líder da oposição russa, posto em prisão domiciliária e impedido de usar a Internet

Após ter participado em protestos na segunda-feira, o blogger é sujeito a mais repressão pelas autoridades de Moscovo.

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Alexei Navalni é acusado de ter resistido à detenção ALEXANDER NEMENOV/AFP

O líder da oposição russa Alexei Navalni foi colocado em detenção domiciliária durante pelo menos dois meses e fica impedido de usar a Internet ou falar com os meios de comunicação.

Um tribunal de Moscovo considerou que Navalni, tinha violado as regras da sua liberdade condicional, por ter saído repetidas vezes de Moscovo e ter participado nos protestos de segunda-feira contra as condenações de sete opositores ao regime que participaram nas manifestações contra Vladimir Putin em 2012.

A medida de coacção é fundamentada com o argumento de que terá resistido à prisão na segunda-feira - mas há inúmeros vídeos feitos por participantes no protesto em que se vê o momento da sua prisão, e ele não está a resistir à polícia. 

“Estas novas medidas baseiam-se em falsos pretextos para restringirem as minhas actividades políticas”, disse Navalni, um blogger com imensos seguidores, que já tinha sido condenado a sete dias de prisão após a detenção de segunda-feira.

Navalni foi condenado a cinco anos de prisão em Julho do ano passado, por acusações de fraude e apropriação indevida de dinheiros de uma empresa pública de Kirov, mas o Procurador logo a seguir declarou que a sentença não era válida e a pena foi suspensa.

Apesar da pena suspensa, ele tornou-se o líder de facto da oposição. A Internet,através do seu blogue ou do Twitter, é a sua forma privilegiada de comunicar – já que as televisões e a maioria dos media são controladas pelo Kremlin. Montou, por exemplo, um site em que denunciava a corrupção por trás dos enormes gastos com os Jogos Olímpicos de Inverno Sochi, dando nomes e rostos aos responsáveis das empresas públicas e oligarcas por trás dos projectos milionários que fizeram derrapar os custos do projecto.

A pena suspensa impede-o de concorrer às eleições presidenciais de 2018 – que vigorará durante cinco anos, a duração da pena a que foi condenado em Kirov –, e está agora a ser alvo de uma investigação por novas acusações de roubo e lavagem de dinheiro, num processo que ainda não chegou a julgamento.

Segundo explica o site da televisão RT (o canal internacional de notícias em inglês da Rússia), o Comité de Investigação – por vezes descrito como o FBI russo, mas subordinado ao Presidente Vladimir Putin – está a apurar a analisar a acusação apresentada por gestores da Yves Rocher russa de que de Navalni e o seu irmão Oleg os teriam enganado. Alegadamente, os irmãos Navalni levaram os gestores a assinar um contrato de transporte com a empresa de Oleg Navalni a preços inflacionados e esta nunca forneceu os serviços contratados, antes passou as empreitadas para outras firmas subcontratadas. A Yves Rocher terá pago 55 milhões de rublos  (que na altura dos acontecimentos valiam 1,6 milhões de dólares) e a margem de lucro dos Navalni teria sido de 600 mil dólares.

Alexei Navalni declara-se inocente e diz que apenas houve um negócio de intermediação. Mas  corre o risco de ser condenado a 10 anos de prisão neste processo.

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