ANMP admite recorrer a instâncias comunitárias para travar novo mapa judiciário

Presidente da associação falou em Barcelos, no final de uma reunião do Conselho Diretivo da ANMP, onde lamentou ainda não terem sido recebidos pela ministra da Justiça

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Paula Teixeira da Cruz Nuno Ferreira Santos

O presidente da Associação de Municípios Portugueses (ANMP), Manuel Machafo, admitiu esta terça-feira que poderá recorrer a "instâncias comunitárias" para travar o novo mapa judiciário, que prevê o fecho de 20 tribunais e a conversão de 27 em secções de proximidade.

"Ponderamos todas as hipóteses", referiu Manuel Machado, em Barcelos, no final de uma reunião do Conselho Directivo da ANMP. Segundo Manuel Machado, a nível interno cabe a cada município a decisão de avançar ou não com a contestação judicial, mas sublinhou que ANMP está também a diligenciar para ser ouvida quer pelas instâncias nacionais quer pelas instâncias comunitárias que regulam os procedimentos dos estados-membros no domínio da Justiça. "A ANMP pode ter razão de queixa para recorrer a instâncias da União Europeia. Como associação, pode ser agregadora de queixas comuns [dos municípios]", referiu.

Para Manuel Machado, o que está em causa com o novo mapa judiciário é o "fecho" de 47 tribunais, já que considera que a anunciada criação de 27 secções de proximidade "não passa de um eufemismo". Sublinhou que, para já, a ANMP vai tentar ajudar a resolver as coisas "pelo diálogo", mas vincou que recorrerá "sequencialmente" às várias instâncias, "conforme a lei determina dentro do Estado de direito democrático".

Disse ainda que a ANMP continua disponível para tentar encontrar soluções "para os problemas que existem e para outros que vão ser criados nos tribunais para onde vão ser transferidos os serviços dos que entretanto fecharem". Machado manifestou-se mesmo convicto de que a ministra da Justiça, "quando tiver noção exacta dos riscos que está a correr" com o novo mapa, acabará por reunir com a ANMP para procurar construir uma solução "consentânea com as necessidades do Estado".

O presidente da ANMP elencou, nomeadamente, a "falta de condições físicas de acolhimento" dos tribunais que vão acolher os serviços dos que fecham, o "custo" que a decisão acarretará para as pessoas e o "perigo" em que fica o direito à igualdade dos cidadãos no acesso à Justiça.

"Havia outras soluções. Infelizmente, a ministra não teve oportunidade de nos ouvir, numa reunião que esteve aprazada, mas estamos disponíveis para dialogar e contratualizar soluções. O que está aprovado preocupa-nos sobremaneira", disse ainda.     

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