Rui Machete admite "hub" humanitário nas Lajes

Governante deu conta de contactos com organizações internacionais para aproveitar infra-estruturas da Base na logística de missões.

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Rui Machete Miguel Manso

O ministro dos Negócios Estrangeiros garante que o Governo está a explorar usos alternativos e não militares para as Lajes, dando como exemplo contactos com organizações humanitárias internacionais com vista à instalação de um "'hub logístico" na ilha Terceira.

"Além da procura de investimentos privados, norte-americanos ou de outra proveniência, o Governo sondou também as organizações internacionais humanitárias para aferir a possibilidade de aquelas montarem um 'hub' logístico nas Lajes. Na sequência desses contactos, o Programa Alimentar Mundial enviou, no início de Julho passado, uma missão às Lajes", afirmou Rui Machete, numa entrevista ao jornal açoriano Diário Insular.

Machete revela ainda que na sequência da visita à Terceira, no ano passado, de empresários do grupo norte-americano Business Executives for National Security (BENS), e do relatório que fizeram sobre as potencialidades das Lajes e do arquipélago dos Açores em termos de investimentos, foi criado um "comité binacional" para acompanhar projetos.

"Na sequência dessa visita, foi constituído um comité binacional que, do lado português, além do Ministério dos Negócios Estrangeiros, inclui o Governo Regional dos Açores, o Ministério da Defesa Nacional e a AICEP, para fazer o seguimento de projectos. Esse comité tem vindo a reunir-se e a identificar as áreas de negócio onde poderia haver interesse de privados pelas Lajes".

"Independentemente de considerarmos que este exercício não deverá eximir o Governo dos EUA de um apoio mais directo, consideramos que o uso da extensa rede de empresários do BENS proporciona possibilidades que, a concretizarem-se, poderão promover negócios nos Açores e na Terceira", acrescenta o ministro, referindo as áreas do turismo, imobiliário, aviação, saúde e tenologias da informação e comunicação, as mesmas apontadas pelo relatório dos empresários, conhecido em Abril de 2013.

O ministro diz que o Governo está "já" a "explorar possíveis usos alternativos e não militares para a base das Lajes" mas "sempre no pressuposto de que medidas concretas apenas poderão avançar quando se souber em definitivo a extensão da redução das forças norte-americanas e do espaço que deixarão de ocupar na base".

Rui Machete ressalva que, no entanto, "porque considera que os EUA não se podem excluir do esforço de procurar compensar os efeitos negativos da sua decisão, Portugal tem também insistido junto da Administração norte-americana por um esforço maior de Washington nesta matéria". 
 

Machete recebido por John Kerry

As declarações de Rui Machete foram feitas no mesmo dia em que foi noticiado que o ministro dos Negócios Estrangeiros reúne-se quarta-feira em Washington com o secretário de Estado norte-americano para discutir "questões de interesse comum da agenda internacional.

No encontro, Rui Machete e John Kerry "passarão em revista o relacionamento entre Portugal e os Estados Unidos, na esfera bilateral e multilateral" e "abordarão questões de interesse comum da agenda internacional", acrescentou a mesma fonte.

A manutenção do dispositivo norte-americano na base das Lajes, na ilha Terceira, Açores, será um dos temas abordados, depois de o Presidente norte-americano ter assinado o diploma que mantém o normal financimento da estrutura até que seja tomada uma decisão definitiva quanto ao seu futuro.

No final de 2012, a Administração norte-americana anunciou a intenção de reduzir o efetivo nas Lajes ao mínimo, prevendo manter apenas 160 militares, sem famílias, o que levaria ao despedimento de cerca de três centenas de trabalhadores portugueses a partir de outubro de 2014.

A Guiné-Bissau poderá ser também outro dos temas em debate, num momento em que está a decorrer o recenseamento eleitoral no país para as eleições de 16 de março.

O governo de transição não é reconhecido por Portugal nem pelos Estados Unidos. Recentemente, o Presidente Obama convidou os países africanos para uma cimeira e a Guiné-Bissau foi um dos dois únicos estados a não serem convidados.

O chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, António Indjai, tem um mandado de captura internacional por suspeitas de estar ligado a redes internacionais de tráfico de droga. O antigo chefe da Armada, Bubo Na Tchuto, já foi detido pelas autoridades norte-americanas e está a ser julgado em Nova Iorque.


 

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