Estado do mar impede buscas de jovens desaparecidos no Meco nos próximos dias

Operações estão a ser feitas só em terra e mesmo assim interrompidas pela chuva intensa e falta de visibilidade. Quatro raparigas e um rapaz continuam desaparecidos.

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As equipas esperam que os corpos possam aparecer em terra Miguel Manso

A agitação marítima levou à interrupção da busca dos corpos dos cinco jovens que foram levados por uma onda na praia do Meco, no concelho de Sesimbra, na madrugada de sábado para domingo, e o aviso laranja do Instituto Português do Mar e da Atmosfera aponta para que a situação se mantenha nos próximos dias. Resta a procura junto à costa.

O capitão do Porto de Setúbal, comandante Lopes da Costa, explicou ao PÚBLICO que as buscas marítimas já não foram retomadas na manhã desta quinta-feira pelo facto de as condições do mar não o permitirem “e não é previsível que se efectuem nos próximos dias”.

Aliás, mesmo em terra a forte chuva está a fazer com que as equipas tenham o trabalho dificultado e que o tenham de fazer de forma interrupta. “Durante a noite o patrulhamento foi feito com moto 4 mas cerca das 5h30 a chuva era torrencial e não havia visibilidade”, acrescentou o comandante Lopes da Costa, explicando que por agora vão fazendo as buscas em terra sempre que o tempo o permita.

Neste momento, a estratégia continua a ser a iniciada na terça-feira, ou seja, concentrar os esforços junto à costa – não só por não ser possível entrar no mar – mas por os cálculos do Instituto Geográfico apontarem para que os corpos das quatro raparigas e do rapaz se tenham dirigido para sul e que exista 80% de probabilidade de virem parar a terra. As buscas que inicialmente abrangiam uma área de três mil milhas têm agora cerca de cinco mil, entre a Praia do Meco e a Praia das Bicas. O comandante admite que estes casos variam muito e que os corpos tanto aparecem nas primeiras horas como podem demorar semanas ou mesmo meses.

Ao todo, no grupo estavam sete jovens, com idades entre os 21 e os 25 anos, todos estudantes da Universidade Lusófona. Um deles conseguiu sair do mar e foi quem deu o alerta às autoridades. O corpo de um outro foi encontrado já sem vida no domingo de manhã. Entretanto, num comunicado, a Universidade Lusófona, já veio “manifestar o seu pesar pelos trágicos acontecimentos”, anunciando a declaração de três dias de luto à comunidade académica e solicitando a todos “o maior recolhimento, introspecção e avaliação” da situação, disponibilizando ainda alguns docentes que leccionam na área da psicologia para darem apoio aos familiares dos alunos.

Questionado sobre se o jovem que sobreviveu já deu mais alguma informação importante para as operações, Lopes da Costa disse que qualquer eventual processo será posterior e que os dados em nada alteram muito as buscas. O jovem apenas disse que estavam todos calçados e trajados, o que segundo o comandante é um dado importante mas não determinante.

Na Praia do Moinho de Baixo, no Meco, muitas perguntas continuam sem resposta. O que terá levado sete jovens trajados a ir à uma da manhã até à praia, numa noite de Inverno e de maré cheia, depois de um jantar numa casa que teriam arrendado para passar o fim-de-semana em Aiana de Cima, junto a Alfarim? Não se aperceberam do perigo? Não terão visto o tamanho das ondas na escuridão da noite nem ouviram o barulho da rebentação?

As famílias e amigos dos jovens têm estado também todos os dias no local, onde as autoridades têm mantido algumas tendas e equipamentos para que possam acompanhar as operações.
 
 

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