"Obrigado por tudo, Chefe." O tweet desportivo do ano é de Cristiano Ronaldo

A mensagem do português para Ferguson fica na história do Twitter, no ano em que esta rede entrou em bolsa. Cory Monteith, Paul Walker, o Papa Francisco e os atentados de Boston também.

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Cristiano Ronaldo chegou ao Manchester United em 2003, com 18 anos DR

O que se diz em 140 caracteres ou menos pode gerar um bruaá global – e ficar para a História. Se abrirmos o caderno das citações, encontramos um rol infindável de exemplos: Sócrates (“Só sei que nada sei.”), Jesus Cristo (“Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei.”), Nietzsche (“Deus está morto.”), Vito Corleone (“Vou fazer-lhe uma oferta irrecusável.”).

É uma realidade antiga. O que o Twitter trouxe – além de fixar o limite para uma mensagem curta – foi a possibilidade de aceder directamente às fontes (em vez de acreditar na boa memória de Platão, Xenofonte ou São João), em tempo real e, no final do ano, fazer contas à popularidade de cada tweet. A própria rede de microblogging se encarrega de o fazer.

As listas de 2013 já são conhecidas e não têm surpresas. Apesar de as celebridades não terem recebido em anos anteriores o “tweet de ouro” – o prémio para a mensagem mais retweetada (RT) do ano –, as mortes inesperadas dos actores Cory Monteith e Paul Walker, em Julho e em Novembro, interromperam a tendência dos utilizadores do Twitter para dar mais atenção à comédia (Stephen Colbert, 2010), à caridade (Wendy’s, 2011) e à política (Obama, 2012).

Lea Michele foi a autora do tweet mais partilhado de 2013. A actriz e cantora norte-americana, que partilhava o plâteau da série de televisão Glee com Cory Monteith, de quem era também namorada, agradeceu o apoio aos seus mais de quatro milhões de seguidores naquele rede social, duas semanas após a morte de Monteith. O tweet – com uma foto feliz do casal – foi partilhado quase 400 mil vezes.

O número dois, com quase 396 mil partilhas, é o tweet que oficializou a morte de Paul Walker, protagonista da série de filmes Velocidade Furiosa, num acidente de viação. A mensagem foi publicada na conta do próprio actor, assinada pela “TeamPW”. Numa toada diametralmente oposta, o terceiro tweet mais popular de 2013 é de Niall Horan. O elemento da boys band One Direction festejava os seus 20 anos com os seus 16 milhões de seguidores.

Na conta que criou para divulgar os Tweets de Ouro (@YearOnTwitter), no final da semana passada, o Twitter dá ainda conta do tweet desportivo mais partilhado do ano: “Obrigado por tudo, Chefe.” O agradecimento público é de Cristiano Ronaldo e dirigia-se a Alex Ferguson, o histórico treinador do Manchester United, que deixou o comando da equipa inglesa no final da época passada. O tweet registou quase 100 mil RT.

Quantos tweets consegue ler por minuto?
Os eventos desportivos que geraram mais conversa no Twitter ao longo de 2013 foram o Super Bowl, motivo para 24,1 milhões de tweets, e a final da Liga dos Campeões (Bayern-Borussia, 2-1), que deu falatório suficiente para 4,8 milhões de tweets. Mas foram os atentados de Boston o assunto mais discutido no Twitter este ano, num total superior a 27 milhões de tweets.

O prémio “mais rápido do que a própria sombra”, se existisse, iria para a eleição do Papa Francisco. A 13 de Março, quando o nome do novo @Pontifex foi anunciado ao mundo, a escolha era tema para uma média de 130 mil tweets por minuto. As hashtags que reuniam as conversas sobre o Papa eram impossíveis de seguir nesse dia, tamanha era a torrente. Para se ter uma ideia, no pico das conversas sobre a morte de Nelson Mandela (que ao todo gerou 7,2 milhões de tweets), a média foi de 95 mil tweets por minuto.

O Twitter criou ainda uma página em que passa em revista o ano na rede, primeiro mês a mês e depois por categoria – actualidade, entretenimento, desporto e montra (“showcase”). É a navegar por essa página que se encontram algumas das pérolas desta rede de microblogging com cerca de 215 milhões de utilizadores em todo o mundo. Uma delas é do próprio Twitter, a anunciar que tinham submetido um pedido de entrada em bolsa ao regulador americano.

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Javad Zarif, assinou outra dessas pérolas, quando, a 23 de Novembro, revelou que as potências nucleares presentes em Genebra tinham chegado a acordo. Andando para trás, encontra-se um tweet de 30 de Setembro que sintetiza o shutdown vivido este ano nos EUA: é o Capitólio a anunciar que a sua conta no Twitter passaria a estar inactiva a partir daquele momento. Alguns meses antes, a 20 de Fevereiro, a NASA mostrava aos seus seguidores a formação de novas manchas solares. São apenas três exemplos do que se pode encontrar nesta rede.

O Twitter não atribui o prémio para o melhor tweet do ano. Os candidatos seriam muitos, mas há pelo menos um que, pela sua graça e desassombro, estaria muito bem colocado para ganhar: Ronan Farrow. Numa altura em que a própria mãe, a actriz Mia Farrow, tinha levantado dúvidas sobre a sua paternidade (oficialmente, o pai é o cineasta Woody Allen), dizendo que o jovem advogado poderia ser filho do cantor Frank Sinatra, Ronan Farrow tweetou: “Ouçam, todos nós somos *possivelmente* filhos do Franck Sinatra.”

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