Mais de um quarto dos casos de VIH/sida estarão por notificar

Cerca de metade das infecções notificadas está em Lisboa e Setúbal, havendo "um peso crescente das populações migrantes" entre os infectados.

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O problema não é apenas nacional, mas em Portugal mais de um quarto dos casos (27,8%) de infecção por VIH/sida estarão por notificar, admitiu nesta sexta-feira o director do Programa Nacional para a Infecção, António Diniz, durante a apresentação do relatório "Portugal Infecção VIH/sida e Tuberculose em números – 2013".

Há cerca de 30 mil doentes a serem tratados nos hospitais públicos, mas estes representam apenas uma parcela dos que estarão infectados com a doença, admite o responsável. Na Europa, admite-se que uma em cada três pessoas infectadas com o vírus não tenha disso conhecimento, em Portugal a ONUSida estima que no país possa haver uma taxa de infecção de 0,7%, o que se traduzirá em cerca de 70 a 72 mil doentes, explicou aos jornalistas na apresentação que decorreu na Direcção-Geral da Saúde, em Lisboa.

Um dos objectivos do Programa Nacional para Infecção VIH/sida é o diagnóstico precoce, nomeadamente nos centros de saúde, uma vez que nos Centros de Aconselhamento e Detecção Precoce do VIH (existem 17 no país) apenas são detectados cerca de 15%, uma percentagem que se manteve quase inalterada de 2011 para 2012. No ano passado, dos 1116 casos notificados só 165 o foram naqueles centros. A taxa de testes positivos foi de 0,9%.


António Diniz passou em revista muitos dos dados que já eram conhecidos. Lisboa concentra 42,5% dos casos, sendo Setúbal o segundo distrito com maior proporção de infecções. Se a estes dois se juntarem o Porto e Faro, estamos a falar de três quartos dos casos no país, disse. O aumento da proporção de imigrantes infectados poderá explicar, em parte, a maior concentração de infecções naquelas áreas geográficas. A média de diagnósticos na população dos estrangeiros a residir em Portugal era, por exemplo no ano de 2000, apenas de 10,5%, mas no ano passado já era de 23,1%. “Há um peso crescente das populações migrantes”, afirmou.

Quanto às idades dos infectados, são cada vez mais novas as pessoas infectadas entre o grupo dos homens que têm relações homossexuais e bissexuais – são a maioria dos infectados na faixa etária que vai dos 20 aos 34 anos. Já os consumidores de droga e os heterossexuais infectados tendem a ser cada vez mais velhos.

Como se vem dizendo nos últimos anos, os números da infecção estão a diminuir, algo acompanhado pela diminuição do número de internamentos e de mortes que têm vindo a decrescer desde 2007. Nesse ano morreram 780 pessoas, em 2011 foram menos 234. O secretário de Estado adjunto e da Saúde, Fernando Leal da Costa, lembrou que, “apesar da diminuição de casos de infecção e mortalidade, continua a ser uma doença grave e incurável que leva muitas vezes à morte”.

Debruçando-se também sobre a questão da tuberculose, António Diniz referiu que 80% dos doentes com tuberculose estão infectados com o VIH. Uma das recomendações do relatório é mesmo a melhoria da taxa de realização do teste para despiste da infecção em doentes com tuberculose.

Durante 2012, 157 pessoas morreram durante o tratamento de tuberculose, correspondendo a 6% dos doentes notificados. Cerca de 18,5% dos doentes falecidos tinham dependência de álcool e 11,5% eram consumidores de drogas.
 
 

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