Milhares fugiram à fome num bairro cercado de Damasco

Exército de Assad cercava o bairro de Muadamiya desde Março. Reservas de alimentos já tinham acabado e as pessoas comiam cães, gatos e até erva para sobreviver.

Fila de refugiados que abandonaram o bairro de Muadamiya, nos subúrbios de Damasco
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Fila de refugiados que abandonaram o bairro de Muadamiya, nos subúrbios de Damasco STR/AFP Photo
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Famílias inteiras saíram do bairro com os poucos pertences que puderam carregar Khaled al-Hariri/Reuters
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À chegada receberam pão, o primeiro que alguns comem em meses Khaled al-Hariri/Reuters
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Há muito que a situação em Muadamiya atingira o limite Khaled al-Hariri/Reuters
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Os homens foram separados das mulheres para serem interrogados Khaled al-Hariri/Reuters
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Um ferido levado em ombros por voluntários do Crescente Vermelho Khaled al-Harir/Reuters

Milhares de civis abandonaram nesta terça-feira o bairro de Muadamiya, nos subúrbios de Damasco, de acordo com a BBC. Cercada desde Março pelo Exército sírio, há muito que a comida escasseava na zona.

As pessoas conseguiram fugir da área por causa de um aparente relaxamento do cerco imposto pelo Exército do Presidente Bashar al-Assad. Milhares de pessoas abandonaram Muadamiya, algumas em macas, de acordo com o relato da correspondente da BBC, Lyse Doucet.

O Governo de Assad acusa os rebeldes de se terem infiltrado naquele subúrbio, um dos locais atingidos pelo ataque com armas químicas da madrugada de 21 de Agosto. O Exército afirmou recentemente que o cerco iria durar até à rendição ou até à morte por falta de comida.

“Não vemos um pedaço de pão há nove meses. Estamos a comer folhas e erva”, contava uma mulher à jornalista. Cerca de 20 autocarros aguardavam a multidão para depois se dirigirem a abrigos do Governo. Os homens foram separados das mulheres para serem interrogados pelas autoridades sírias.

Com o final do cerco, os combates entre Exército e rebeldes podem escalar, de acordo com as previsões da correspondente da BBC. 

Após meses de cerco, a situação no bairro de Muadamiya atingiu um nível preocupante, com milhares de pessoas sem alimentos. O panorama tornou-se tão grave ao ponto de, no início do mês, as autoridades muçulmanas terem autorizado o consumo de carne de cão, gato e burro para que as pessoas pudessem sobreviver. As leis islâmicas impedem o consumo destes animais.

Também as Nações Unidas e algumas organizações não-governamentais alertaram para a urgência da situação vivida em Muadamiya durante os últimos meses.

Existem, pelo menos, três subúrbios da capital síria que estão cercados há meses pelas forças governamentais: Yarmuk, Ghutta oriental e Muadamiya.
 
 
 

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