Consórcio luso-chinês criado para estudar os genes do cancro do estômago

Projecto arranca com 600 mil euros.

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A molécula de ADN Institutos Nacionais de Saúde dos EUA

As bases genéticas do cancro do estômago vão ser investigadas em conjunto num consórcio luso-chinês, que reúne a empresa Coimbra Genomics, o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup) e a organização chinesa BGI (antigo Instituto de Genómica de Pequim).

O projecto tem um orçamento inicial de mais de 900.000 dólares (cerca de 600 mil euros), financiado “em grande parte” pelo BGI, refere um comunicado da empresa Coimbra Genomics. O BGI é um gigantesco centro de sequenciação genómica criado na capital chinesa e que, entretanto, abriu laboratórios em Cambridge (Massachusetts, nos Estados Unidos) e em Copenhaga, na Dinamarca.

Depois do cancro do pulmão, o cancro gástrico é a segunda maior causa de morte por cancro em todo o mundo, sendo responsável por cerca de um milhão de novos casos todos os anos. Portugal e a China estão entre os países com maior incidência deste cancro. As suas bases genéticas ainda estão mal compreendidas, o diagnóstico precoce é difícil e os tratamentos não são verdadeiramente eficazes.

“É mais um passo para explorar a medicina personalizada para aplicação em doentes com cancro do estômago”, refere Carla Oliveira, responsável pelo projecto do lado do Ipatimup, citada no comunicado. André Albergaria, responsável pela Unidade de Translação daquele instituto, acrescenta que, para o Ipatimup, o projecto é uma aposta na ligação entre a investigação básica e a sua aplicabilidade pelas empresas, para “obter tratamentos mais dirigidos e melhorar a qualidade de vida dos doentes com cancro do estômago”.

“É um excelente exemplo de confluência de interesses e complementaridade de recursos”, considera Nuno Arantes-Oliveira, co-fundador e presidente da Coimbra Genomics, sublinhando a capacidade técnica e financeira do BGI e o historial científico do Ipatimup nesta área, a que se junta o empreendedorismo da Coimbra Genomics, que lidera o projecto.

Criada em 2012, a empresa portuguesa pretende dedicar-se ao desenvolvimento de sistemas de apoio à decisão clínica baseados na sequenciação do genoma dos doentes. Entre os seus fundadores contam-se a Biocant Park, Critical Software e vários cientistas e empreendedores individuais, como Carlos Faro, Carlos Fiolhais, Gonçalo Quadros e Marco Costa.

 

 

 
 
 
 

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