PS endurece críticas ao Governo para tentar garantir vitória em Braga

Independentes da Cidadania em Movimento realizaram comício à mesma hora que os socialistas.

O candidato do PS à Câmara de Braga, Vítor Sousa, pediu aos eleitores uma voto “contrário às políticas deste Governo”. No maior comício da campanha, que levou milhares de socialistas ao pavilhão Flávio Sá Leite na noite desta quinta-feira, os vários dirigentes do partido endureceram o discurso crítico em relação ao executivo nacional e tentaram colar a coligação Juntos por Braga à coligação PSD-CDS que governa o país.

Vítor Sousa salienta que, após 37 anos de gestão em Braga, os socialistas andam “de cara levantada”, prestando contas sobre a liderança do município. “Ao passo que outros, após dois anos, já escondem as bandeiras e os símbolos”, acusou, numa referência à candidatura de Ricardo Rio, apoiada por PSD, CDS e PPM que não teve nenhum dirigente nacional presente nas suas acções de campanha.

Ricardo Rio e a coligação Juntos por Braga foram os principais alvos de Vítor Sousa e dos restantes dirigentes socialistas que discursaram no comício desta quinta-feira. Mas o candidato do PS à autarquia bracarense também apresentou o seu projecto, que tem como prioridade não deixar sair os jovens de Braga. “O desafio é fortalecer a economia local e fazer com que os jovens fiquem na sua terra”, anunciou, aproveitando para, mais uma vez, criticar o Governo e os seus incitamentos à emigração.

O PS compromete-se a apoiar, ao nível dos impostos municipais, as empresas que criem emprego jovem, a lançar mil estágios para alunos que saiam da Universidade do Minho e a reduzir as taxas municipais, sobretudo para os estabelecimentos de restauração e bebidas.

O comício do PS levou milhares de pessoas ao pavilhão Flávio Sá Leite, que não esteve, todavia, completamente lotado. A multidão presente saudou de forma particularmente efusiva Mesquita Machado. Quando o autarca se aproximou do palanque para discursar, os simpatizantes socialistas gritaram, repetidamente: “Mesquita amigo, Braga está contigo” e o ainda presidente da câmara teve dificuldades em começar a falar, devido à prolongada salva de palmas que recebeu.

Mesquita recordou depois alguns dos marcos dos 37 anos na liderança do município e seguiu a toada da noite, lembrando que, há dois anos, o candidato da coligação Juntos por Braga, Ricardo Rio, andava “de braço dado com Passos Coelho nas ruas de Braga”. “O voto de domingo tem que ser acima de tudo um voto por Braga, mas também tem de ser um voto de protesto contra a política deste Governo”, sublinhou.

Vítor Sousa contou com o apoio do deputado Pedro Nuno Santos e de Manuel Alegre, que antes do comício já tinha dado o mote para o apelo ao “voto útil” da esquerda bracarense em Vítor Sousa, de modo a evitar um triunfo eleitoral da coligação de direita.

Independentes fazem comício diferente

Praticamente à mesma hora, no pavilhão polivalente do antigo Liceu Sá de Miranda, a Cidadania em Movimento também organizava o maior comício da sua campanha. Mas as duas sessões não podiam ser mais diferentes. Houve música e poesia antes dos discursos dos candidatos independentes. E o tom inflamado dos socialistas deu lugar a um ambiente de conversa quase informal entre os oradores e as cerca de 500 pessoas na plateia.

A cabeça de lista do movimento, Inês Barbosa, sublinhou depois os grandes objectivos da candidatura: “Queremos uma cidade mais transparente, inclusiva e participativa”, proclamava, prometendo uma política de tolerância zero à corrupção, uma auditoria às contas municipais e a realização de referendos locais para as principais decisões do município.

A Cidadania em Movimento acredita que é possível eleger um vereador para a Câmara de Braga no próximo domingo que possa ser “uma voz dissonante” no executivo. “Pode ser uma voz que resiste, que não permite negociatas e esquemas duvidosos, uma voz que exige transparência e prestação de contas a todos os bracarenses”, acredita Inês Barbosa.

“Um vereador do Cidadania em Movimento é um porta-voz dos cidadãos e, por isso, não deixará de os ouvir e questionar, durante os próximos quatros anos”, defendeu, anunciando que a dinâmica nascida nos últimos meses com a preparação da candidatura será mantida independentemente do resultado eleitoral, com uma assembleia aberta marcada para o próximo dia 3 de Outubro.

 
 

Sugerir correcção
Comentar