Comandante do Costa Concordia propõe cumprir três anos de prisão

Francesco Schettino, que pode ser condenado a 20 anos de prisão, oferece-se para cumprir três anos de cadeia e admitir culpa parcial pelo naufrágio do paquete.

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O comandante do Costa Concordia tentou chegar a um acordo TIZIANA FABI/AFP

O julgamento de Francesco Schettino, comandante do paquete Costa Concordia que naufragou há 18 meses matando 32 pessoas, começou em Grosseto, na Toscânia. Pode ser condenado por múltiplo homicídio e sentenciado a 20 anos de prisão.

No início da sessão, a sua defesa voltou a pedir um acordo ao Ministério Público. O advogado Domenico Pepe ofereceu à acusação uma pena de prisão de três anos e cinco meses, e a admissão de culpa parcial.

O procesos contra o comandante teve uma falsa partida há oito dias, tendo sido então adiado devido a uma greve de advogados. O julgamento decorre no Teatro Moderno de Grosseto devido à grande quantidade de jornalistas e de público que pretendiam assistir às sessões.

Mais de 400 testemunhas serão ouvidas, além de outras 200 pessoas, e o julgamento deverá durar vários meses.

"Estamos aqui hoje para obter justiça para as vítimas e para os que sobreviveram, os que vão viver toda a vida com o sentimento da angústia", disse à AFP o advogado das vítimas italianas, Francesco Di Ciollo.

"Esperamos que se faça luz sobre este naufrágio. É simples, o erro de Schettino foi não ter garantido a segurança das pessoas a bordo", declarou Fabio Targa, advogado das partes civis (entre elas a empresa Costa Cruzeiros e a própria ilha de Giglio).

Na noite de 13 de Janeiro de 2012, o Costa Concordia, um paquete de 114,500 toneladas, naufragou junto à ilha de Giglio, ao largo da Toscânia. Tinha a bordo 4229 pessoas, 3200 delas turistas. Duas pessoas não foram ainda encontradas. O comandante Schettino terá ordenado a aproximação do grande paquete à ilha - uma prática comum que terá ido longe demais -, o navio encalhou, tombou e as causas do acidente serão agora explicadas. A operação de remoção do navio ainda decorre.

Seguiram-se momentos de caos, com os procedimentos de emergência a não terem sido devidamente cumpridos, segundo testemunhas, tendo o comandante do navio saído da embarcação antes do que deveria e nãio tendo sido ele a dirigir as operações. Há uma gravação em que um responsável da autoridade marítima, o chefe da capitania de Livorno, lhe fala com dureza e o manda regressar ao navio onde a retirada dos passageiros ainda decorria.

A maior parte dos sobreviventes que não ficaram feridos ou perderam familiares aceitaram a indemnização oferecida pela empresa proprietária, em média 11 mil euros. A empresa foi condenada em Abril a pagar um milhão de euros num processo em que fou julgada a sua responsabilidade civil, o que lhe permitiu evitar um processo penal.

Entre as 347 testemunhas de acusação está Domnica Cemortan, a rapariga moldava que estava na ponte com Schettino no momento do naufrágio. E também Gregorio De Falco, o chefe da capitania de Livorno.

"Ele não abandonou o navio. Se ele tivesse ficado mais dez minutos no navio teria caído à água e não poderia ter gerido a retirada das pessaos", disse um dos advogados do comandante, Donato Laino.

Os erros da tripulação influenciaram o acidente", disse a The New York Times, o promotor público de Grossetto. "Mas eles não são os principais actores. A responsabilidade é do comandante. Ele navegava há uma hora fora de rota e a 16 nós, à noite, pelas estrelas. É muito depressa para estar tão perto da costa".

A defesa tentou chegar a um acordo - oferecendo-se para aceitar uma culpa parcial e as respectivas senções - mas os juízes consideraram que o comandante do Costa Concordia deveria ser julgado.

Só  Francesco Schettino se sentará no banco dos réus no caso Costa Concordia. Os outros envolvidos no desastre tiveram autorização para negociar acordos com os tribunais - o director da unidade de crise do Costa, Roberto Ferrarini, o timoneiro indonésio Jacob Rusli Bin e mais três membros da tripulação. A audiência em que serão conhecidos estes acordos é dia 20 de Julho.

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