Lewandowski histórico: primeiro póquer numa meia-final e ao Real Madrid na UEFA
Noite de sonho do polaco e de pesadelo para a equipa de Mourinho, que tem de recuperar três golos para estar na final da Liga dos Campeões.
Robert Lewandowski foi tudo menos discreto na sua primeira participação num jogo das meias-finais da Liga dos Campeões de futebol. O ponta-de-lança polaco deixou o Borussia de Dortmund às portas da final — e a Alemanha muito perto de um jogo do título 100% nacional —, ao marcar os quatro golos da vitória caseira da sua equipa sobre o Real Madrid (4-1).
O duelo desta quarta-feira no Estádio Signal Iduna Park, em Dortmund, será para sempre recordado como o jogo de Lewandowski, que viveu uma noite histórica que aproximou a equipa orientada por Jürgen Klopp da sua segunda final da Liga dos Campeões, depois do triunfo em 1996-97 (com a contribuição de Paulo Sousa).
“Definitivamente ganhou a melhor equipa”, admitiu José Mourinho. “Perdemos Lewandowski de vista em três golos”. O avançado de 24 anos tornou-se o primeiro na história da principal prova europeia de clubes a anotar quatro golos numa meia-final e também nenhum outro jogador tinha obtido um póquer contra o Real nas competições europeias.
A formação espanhola, por seu lado, só se pode agarrar ao golo marcado por Cristiano Ronaldo, que a deixa numa posição ligeiramente melhor do que o rival Barcelona, que na véspera também sofreu quatro golos perante o Bayern Munique, mas não obteve nenhum. José Mourinho, que além de Ronaldo apostou também em Fábio Coentrão e Pepe de início, pode sempre referir aos seus jogadores os três casos em que o Real recuperou uma desvantagem de três ou mais golos nas provas da UEFA.
Mas o resultado traduz fielmente a diferença de qualidade e andamento que os dois clubes mostraram nesta primeira mão. Lewandowski, que na próxima época deve seguir Mario Götze para Munique, marcou todos os golos do Dortmund, mas não jogou sozinho. O polaco foi um quebra-cabeças para Pepe, que foi batido em dois golos e ainda o colocou em jogo em outro, mas também Marco Reus, Götze, Kuba e Ilkay Gündogan foram problemas de difícil resolução para o Real Madrid. O facto de o guarda-redes Diego López ter sido um dos melhores da sua equipa foi outro sinal de desequilíbrio.
O Dortmund, que é como quem diz Lewandowski, marcou cedo. Reus foi o primeiro a testar López e aos 8’ já os adeptos da casa festejavam. Götze cruzou da esquerda e o homem da noite inaugurou o marcador. Ronaldo tentou empatar de livre, mas foi de bola corrida que o conseguiu. Para marcar, o Real Madrid precisou de um erro grave do normalmente fiável Mats Hummels, que deixou a bola à mercê de Higuaín para este fazer a assistência para o golo fácil do internacional português. Ronaldo chegou aos 12 golos esta época na Liga dos Campeões e marcou pelo sexto jogo seguido na prova, igualando os feitos do turco Burak Yilmaz e do franco-marroquino Marouane Chamakh.
Mas o registo famoso do encontro pertenceu ao n.º 9 dos visitados. O seu segundo golo chegou aos 50’, depois de uma bola metida na área por Reus, e o terceiro aos 55’ num lance semelhante (o remate desta vez é de Marcel Schmelzer) concluído com grande classe. Este último foi o melhor golo do jogo, mas Lewandowski ainda não tinha terminado o seu trabalho, marcando o seu 10.º golo em 11 jogos na prova: desta vez na transformação de um penálti por empurrão de Xabi Alonso a Reus (67’). Pelo meio houve uma grande jogada individual do médio Gündogan, travada por uma grande defesa do guarda-redes visitante, que também teve de se esforçar aos 78’ para evitar o quinto do ponta-de-lança adversário.
O Real foi dominado, mas teve oportunidade nos momentos finais de reduzir a goleada: Roman Weidenfeller saiu rápido aos pés de Ronaldo e o central Varane errou o alvo num canto. Depois da Taça UEFA de 1979-80 entre Eintracht Frankfurt e Borussia Mönchengladbach, a Alemanha está perto de voltar a ter dois clubes numa final europeia.