Santos Pereira diz aos trabalhadores da TAP que nunca viveu em Toronto

Ministro da Economia reagiu com ironia ao protesto dos trabalhadores da TAP.

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Segundo a TAP, saíram da empresa, no último ano, 38 técnicos de manutenção e 20 pilotos Daniel Rocha

“As pessoas que fizeram isso não fizeram o seu trabalho de casa. Eu nunca vivi em Toronto, Toronto é a quatro mil quilómetros de onde vivi. Acho que se enganaram no sítio”, disse Álvaro Santos Pereira aos jornalistas no Ministério da Economia no final de um encontro com o comissário europeu Antonio Tajani, responsável pela indústria e empreendedorismo.

Cerca de duas dezenas de trabalhadores da TAP deslocaram-se ao ministério da Economia, perto do Largo do Camões, em Lisboa, para entregar a Álvaro Santos Pereira um bilhete só de ida para Toronto, um acto simbólico para mostrar o descontentamento perante as políticas do Governo.

Aos jornalistas, o ministro da Economia disse que o executivo continuará a trabalhar para fazer da TAP uma empresa “viável a médio e longo prazo”. “Nada nos irá demover de fazermos essa reestruturação”, disse, declarando que continuarão a existir conversas com a administração e os sindicatos da transportadora aérea.

Na concentração no Largo de Camões, o presidente da Comissão de Trabalhadores da TAP, Vítor Baeta, disse que no último ano saíram da companhia aérea cerca de uma centena de técnicos e que receia que o número vá aumentar com os cortes salariais que a empresa começou a aplicar, em Fevereiro, por ordem do executivo.

Segundo a companhia liderada por Fernando Pinto, no último ano, saíram da TAP 38 técnicos de manutenção e 20 pilotos, que optaram por emigrar.

Descontentamento dos cidadãos é “natural”

Reagindo às manifestações de sábado contra a austeridade, Alvaro Santos Pereira disse compreender o descontentamento dos cidadãos numa altura em que se vive em Portugal e na Europa “a maior crise das últimas décadas”.

Álvaro Santos Pereira reiterou que o Governo está empenhado em “lançar as bases do crescimento económico”. “Nada é mais importante que termos apoios fortes ao crescimento, apoios fortes ao emprego”, sublinhou, destacando o conciliar de ideias com Bruxelas nesta matéria.