Duarte Lima enganou sócio para comprar arte

Duarte Lima enganou o sócio para comprar obras de arte, indica a acusação.

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Duarte Lima é suspeito do usufruto de vários créditos no valor de mais 40 milhões de euros Daniel Rocha

O despacho do Ministério Público, a que a agência Lusa teve acesso, refere que Duarte Lima "formulou o plano de enganar Vítor Raposo", aliciando o sócio à "constituição de uma aplicação financeira em comum" no Banco Safra, na Suíça, na conta da Danco Entreprises, detida pelos dois, registada no Panamá.

 

Duarte Lima "agiu de forma a convencer Vítor Raposo da possibilidade de ser realizada uma aplicação financeira de elevada rentabilidade", quando "na realidade o que pretendia era sacar [ao sócio] os meios financeiros necessários para concretizar a aquisição no mercado das obras de arte".

A investigação apurou que, em Fevereiro de 2007, Vítor Raposo ordenou a transferência de conta da sua sociedade Power Industries, SA, com conta no Banco Privé Espírito Santo, de 402.989,98 e 344.315,72 euros para a conta Taylor Partners, titulada pelos dois arguidos, onde foram creditados verbas da Homeland, fundo imobiliário criado para financiar a compra de terrenos em Oeiras.

A Homeland, cujos fundos circulavam através de Francisco Canas, arguido neste processo e no caso "Monte Branco", foi constituída com a participação de 1,5 milhões de euros do BPN, de 4,2 milhões de euros de Vítor Raposo e igual capital do filho de Duarte Lima, Pedro Lima, igualmente arguido, e que aguarda julgamento em liberdade depois de pagar caução de 500 mil euros.

A 19 de Fevereiro de 2007, Duarte Lima deu ordem de transferência de um milhão de euros da conta Taylor Partners para a Galerie Themis, SA, em Bruxelas, com conta junto do Banco ING, na Bélgica.

A acusação sublinha que os 747.250,70 euros colocados por Vítor Raposo na Taylor Partners "no pressuposto de se destinar a um investimento a realizar na conta da Danco Enterprises (...) foi na realidade utilizado pelo arguido Duarte Lima para a realização de aquisições no mercado de arte, apenas no seu interesse pessoal".

Duarte Lima voltou a "utilizar os fundos que estavam investidos na conta da Danco Entreprises" para "se financiar", embora sabendo que "os fundos depositados" naquela conta "eram conjuntos com Vítor Raposo", que não tinha acesso "aos extractos e balanços".

Sem conhecimento de Vítor Raposo, o ex-deputado, que se encontra com obrigação de permanência na residência com pulseira electrónica desde maio ordenou a transferência da conta Danco Enterprises para Taylor Partners.

Desta última conta foi debitado novamente um milhão de euros a favor da Galerie Themis, operação ordenada por Duarte Lima e registada a 29 de Fevereiro de 2008.

A título de empréstimo, Duarte Lima convenceu ainda o sócio a emprestar-lhe um total de 1,3 milhões de euros, também destinados à compra de obras de arte.

Suspeito de burlar o BPN em 44 milhões de euros, Duarte Lima foi detido a 17 de Novembro de 2011, tendo ficado em prisão preventiva até maio.

Duarte Lima é suspeito do usufruto de vários créditos no valor de mais 40 milhões de euros, obtidos com garantias bancárias de baixo valor, que permitiriam adquirir terrenos no concelho de Oeiras, localizados nas imediações da projectada sede do Instituto Português de Oncologia (IPO).

O projecto da sede do IPO no concelho de Oeiras não avançou e o crédito pedido ao BPN ficou por liquidar.

Além de Duarte Lima, Pedro Lima, Vítor Raposo e Francisco Canas, são igualmente arguidos os advogados João Almeida e Paiva e Miguel Almeida e Paiva.
 

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